De repente toda a imprensa passou a noticiar o desenvolvimento dos carros elétricos. Montadoras não se cansam de divulgar seus progressos e seus lançamentos. Até a sisuda e tradicionalíssima Rolls Royce anunciou que vai lançar seu modelo elétrico em 2023. Novidade?
Não. Em 1965, o jundiaiense Maurício Lorencini já havia construído um carro elétrico, que foi apresentado no Rio de Janeiro. Era um protótipo meio rudimentar, mas funcionava. Não era bonito, mas andava. Foi notícia em todos os jornais, mas, misteriosamente, o carro elétrico do Lorencini foi esquecido semanas depois. Isso num tempo em que as empresas de combustíveis, como Esso, Texaco e Shell mandavam no Brasil.
A Gurgel também construiu seu carro elétrico há décadas. Virou notícia na imprensa da época, e o modelo chegou a ser fabricado. Ganhou até espaço para ser apresentado no Programa Sílvio Santos, que dominava a audiência nas tardes de domingo. O carro elétrico da Gurgel não foi pra frente, e a empresa faliu, embora tivesse outros modelos com motores a combustão.
É a lei de mercado – manda quem pode, obedece quem tem juízo. Os tempos atuais, com o preço do petróleo nas alturas, passaram a exigir outras alternativas. Governantes do mundo todo entenderam que seus países não podem passar a vida dependendo de meia dúzia de países produtores de petróleo. E aqui nem se leva em consideração as questões de barulho e poluição atmosférica.
Mas só para constar, carro elétrico não é novidade. Se o projeto de Lorencini tivesse sido levado a sério – e isso em 1965, portando há 56 anos – talvez hoje estivéssemos mais confortáveis. O que prova que o mundo precisa de malucos para resolver seus problemas.
ANSELMO BROMBAL
Jornalista