Muito se fala, e há bastante tempo, sobre a necessidade de uma reforma política. Acredito que os partidos têm lá seus interesses (e um grande desinteresse – melhor deixar como está) em tal reforma. Mas nossa singela sugestão é para acrescentar um novo prédio na Esplanada dos Ministérios em Brasília – será o Ministério da Corrupção.
Melhor assim, toda a propina concentrada num só lugar. Uma só contabilidade, um só caixa. Candidatos a ministro não faltariam. O Brasil tem excesso de corruptos. Então é só escolher algum corrupto notável, que vai nomear diretores e secretários, também amigos da propina.
O estados, por sua vez, também deveriam criar suas secretarias estaduais da Corrupção. Mesmo esquema que o federal – secretário, diretores, aspones, todos corruptos notáveis. O mesmo nas prefeituras, que passariam a ter suas secretarias municipais da Corrupção. Feita a reforma, tudo ficaria mais fácil para todos.
Acabaria aquela correria em algumas prefeituras, quando os interessados não sabem a quem recorrer – e corromper – para liberar um alvará, autorizar a construção de um prédio. Bastaria comparecerem à Secretaria Municipal da Corrupção, que algum aspone vai dar o preço, receber o jabá, dar recibo e encaminhar os interessados à secretaria competente. O recado do recibo seria subentendido: esse já pagou, pode liberar.
O Congresso, assim como as assembleias estaduais e câmara municipais, também poderiam ter um departamento destinado à corrupção. Sempre que alguém ou uma empresa precisasse aprovar uma lei, seria só se dirigir ao departamento competente, que estabeleceria o preço e repartiria o jabá entre os legisladores corruptíveis.
Nessa reforma o atual SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) seria extinto. Protestos e outras questões do tipo ficariam concentrados no Serasa. E seria recriado outro SPC – Serviço de Proteção ao Corrupto. Se algum interessado em lei, em alvará, em construção prometesse a propina e não pagasse, teria seu nome negativado no novo SPC.
Tamanha a fila de interessados nos ministérios e secretarias, que seria vedada a nomeação de cunho político. Haveria uma espécie de vestibular, onde os mais corruptos certamente alcançariam boas notas. A não ser, logicamente, que algum candidato corrompesse o examinador. Mas esse tipo de candidato seria uma sumidade e seria nomeado para algum conselho de corrupção.
ANSELMO BROMBAL
Jornalista