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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Grupo de ativistas mulheres denunciou vídeo de médico do RS detido no Egito

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Ativistas brasileiros que denunciaram o médico de Porto Alegre detido no Egito após publicar um vídeo em que constrange a vendedora de uma loja ressaltaram o simbolismo da ação e a revolta com o acontecimento.

O caso envolvendo Victor Sorrentino, ocorrido no Cairo, no dia 24 de maio, repercutiu nas redes sociais e na imprensa até chegar ao conhecimento das autoridades locais.

A conta de Sorrentino no Instagram tem quase 1 milhão de seguidores. Após a repercussão do vídeo, ele restringiu o acesso dos perfis nas redes sociais.

A repercussão começou quando o caso chegou ao conhecimento do ativista LGBT antirracista Antonio Isuperio, morador de Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Ele recebeu o vídeo de Fabio Iorio, que mora em Londres. A partir daí, Isuperio acionou a rede de mais de 2 mil ativistas mulheres, no Brasil e no Egito, incluindo atrizes e influenciadoras brasileiras.

“A gente acha que, realmente, isso pode ser educativo. E também da gente questionar essa questão da piada. Quem é sempre a piada? Quais são as pessoas?”, disse.

A empresária Michelle Bastos, brasileira que mora no Egito, contou que o objetivo do grupo era alertar as autoridades locais sobre o ocorrido.

“Não sei o caminho exato que a informação fez, a gente saiu espalhando. No sábado [29] à noite, viralizou quando uma página aqui no Egito, que é de ativismo e direito das mulheres, compartilhou. Viralizou aqui no Egito e chegou até às autoridades”, contou.

Nas imagens, o médico brasileiro aparece dizendo à vendedora que as mulheres “gostam mesmo é do bem duro”.

A atendente de um bazar turístico mostrava como é feito o papiro — o material, parecido com o papel, era usado pelos antigos egípcios para escrever

Familiares de Sorrentino afirmaram que o médico “está prestando esclarecimentos às autoridades” 

Em nota, o Itamaraty disse que “já foi informado sobre o caso e as autoridades brasileiras no Egito estão prestando assistência consular cabível ao cidadão”.

Amanda Bernardes, advogada do médico, disse que ele está num prédio público do governo do egípcio, equivalente a uma procuradoria de Justiça do Brasil, e pode se comunicar com quem quiser.

“Ontem tivemos muita dificuldade pela própria barreira do idioma. Até inglês é difícil lá. Isso atrasou muito todos os trâmites, então hoje [segunda] é que as coisas começaram a andar. O Itamaraty se prontificou, uma equipe jurídica já foi disponibilizada e já está em contato com as autoridades egípcias. Então a gente está mesmo aguardando os trâmites deles”, explicou à RBS TV.

Ela disse ainda que não existe previsão de liberação de Victor Sorrentino

Michelle comentou ainda a repercussão das imagens.

“Na hora que eu vi o vídeo, eu fiquei muito revoltada. Não só com o assédio, mas por a menina sequer ter entendido, sequer ter tido chance de se defender, de se revoltar. Ele tem um milhão de seguidores e a menina estava sendo ridicularizada sem saber”, disse.

A influenciadora Patrícia Oliveira, responsável pela página Vida no Egito, traduziu do português para o árabe as falas de duplo sentido de Sorrentino no vídeo.

“Nós nos sentimos tristes pela moça primeiramente, porque ela fala português, sabe o que estava sendo dito para ela, mas como funcionária e mulher não se viu no direito de reagir. Fiquei com medo por ela porque no Egito a maioria dos casos de assédio não vai para frente, esse foi porque viralizou”, disse.

Patrícia afirmou ainda que, se dependesse do sistema legal do Egito. o caso não seria investigado. A publicação nas redes sociais é que ajudou a dar destaque, diz a influencer.

“Eu, pessoalmente, estou meio incomodada. Em todas as redes sociais eu estou vendo brasileiros comentando sobre como o sistema egípcio funciona, que deveria ser assim no Brasil, etc. Esse caso viralizou, então uma mulher egípcia foi protegida de um assediador estrangeiro. O sistema prisional egípcio é péssimo e o Egito é o país que mais tem presos políticos no mundo, me entristece as pessoas não saberem disso e almejarem por um sistema parecido”, explicou.

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