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sexta-feira, 26 abril, 2024

Morto vivo, diz que agora “tá de boa”

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Nem a mãe de Adriano, 40 anos, acreditou que o filho fosse encontrado com vida, após 10 dias desaparecido. Vítima de agressão, foi abandonado em área de mata, a cerca de 10 quilômetros da zona urbana de Caarapó, região sul do Estado. Ontem, policiais o resgataram de valeta de pouco mais de 2 metros de profundidade.

Quando perguntado pelos bombeiros como estava se sentido, a resposta dele foi “não, tô de boa irmão, tô de boa”.

“A gente já estava indo embora quando nós escutamos uns gemidos”, lembra o chefe do SIG (Setor de Investigações Gerais) de Caarapó, o delegado Erasmo Bruno de Mello Cubas. A Polícia Civil passou a investigar o caso após a família do homem registrar boletim de desaparecimento. O nome completo da vítima não foi divulgado.

Ontem, dois suspeitos, de 31 e 26 anos, foram presos. Segundo o delegado, eles confessaram que teriam se envolvido em briga com Adriano. O motivo alegado é que a vítima teria furtado um deles. Adriano foi agredido a socos e pontapés e, posteriormente, jogado no porta-malas de veículo e levado para a área de matagal.

“Os caras acreditaram que ele não iria sobreviver”, contou o delegado. Os suspeitos foram levados até a área onde abandonaram Adriano, dez dias antes. Os policiais estavam em busca de corpo, mas se surpreenderam quando ouviram gemidos. “Nós começamos a chamar pelo nome dele, ele respondeu”.

Adriano foi encontrado em valeta, debilitado, magro e, inicialmente, parecia alucinado, segundo Cubas. “Ele não conseguia falar nada, sabia o nome dele”. O homem estava com grande ferimento na cabeça e os pés apodrecidos, mergulhados em poça de água. Inicialmente, segundo os autores, ele não teria sido jogado na vala e, por isso, acredita-se que ele tenha conseguido caminhar ou se arrastar, até cair no local.

Ele foi retirado da vala e os policiais acionaram o Corpo de Bombeiros. O sargento Marcos Ferreira Gomes, que comandou a equipe de salvamento disse que ficou abismado quando viu que ele estava vivo. “Tinha tanta mosca em cima que parecia que tinha morrido”.

De acordo com o sargento, na cabeça, o ferimento tinha se transformado em miíase, infecção de pele causada pela presença de larvas e moscas, processo que também estava em início nos pés.

Na ambulância, Adriano começou a se comunicar com mais lucidez. “Perguntei se ele estava bem e ele respondeu ‘não irmão, tô de boa, tô de boa”.

O delegado diz que a única explicação plausível, até agora, para que ele tivesse sobrevivido é porque pode ter bebido água de chuva acumulada enquanto estava na valeta. Mas, a certeza virá somente depois que ele se recuperar. Outro fator que pode ter auxiliado, segundo avaliação do sargento Gomes, é a compleição física de Adriano, de aproximadamente 1,90.

Adriano foi levado para atendimento no Hospital São Mateus, consciente, orientado, com boas condições. A reportagem não conseguiu contato no hospital para saber o estado de saúde hoje.

Cubas disse que os ninguém acreditava que ele pudesse ser encontrado vivo depois de 10 dias desaparecido e ainda mais com a confissão dos suspeitos. “Fomos atrás de corpo e encontramos um ferido”, contou.

Os dois suspeitos também se surpreenderam. “Acho que ficaram alividados, passaram de homicídio qualificado com ocultação de cadáver para tentativa de homicídio”, explicou Cubas. A pena para o primeiro pode superar os 30 anos, enquanto que no segundo caso varia de 6 a 20 anos.

O delegado conta que o descrédito era compartilhado pela família da vítima. “A mãe já estava dando ele como morto; quando ela recebeu  informação, não acreditava e dizia ‘ah, tá, tá’”.

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