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segunda-feira, 29 abril, 2024

Dói saber que tudo o que seus avós queriam era abraçar você

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Num relato emocionante, a ilustradora canadense Dee Panetta conta como foi a experiência de dar à luz durante a pandemia e passar a licença-maternidade em isolamento social

A gravidez e a licença-maternidade da ilustradora canadense Dee Panetta foi diferente de tudo o que ela imaginava. Depois de ter enfrentado semanas na UTI nenonatal com a filha mais velha, a notícia de uma segunda gestação veio junto com a esperança de, desta vez, passar pelo puerpério com mais tranquilidade. Infelizmente, não foi assim. 

A pandemia do novo coronavírus mudou todos os planos que ela tinha. Com seu marido trabalhando na linha de frente do atendimento a pacientes com covid-19, precisou passar o pós-parto e os primeiros meses de vida do seu caçula em casa, em Ontário (Canadá), sem ter contato com ninguém além de seus filhos e seu companheiro. Em depoimento ao jornal Toronto Star, ela contou como foi a experiência de dar à luz durante a pandemia, em uma carta escrita para o seu filho mais novo. Confira o relato na íntegra: 

“Ei, carinha, 

Quando você tiver idade suficiente para ler esta carta, tenho certeza de que entenderá que ter nascido em 2020 faz com que você e seus amigos sejam a primeira geração de crianças nascidas nesse “novo normal”. Bebês covid. Tempos sem precedentes. 

Eu tenho que ser sincera com você, não sou nova nessa história de “isolamento social” na maternidade. Sempre sonhei que, se um dia tivéssemos você, nosso segundo filho, poderíamos trazê-lo para casa e imediatamente apresentá-lo a todos os nossos amigos e familiares. Que seríamos capazes de deixá-lo saudar o mundo sem medo. Que nossas vidas não fossem comandadas por álcool em gel e pânico a cada fungada, como aconteceu quando trouxemos sua irmã mais velha para casa, depois que ela passou várias semanas na UTI neonatal. [Sonhava com a] nossa nova família de quatro pessoas se estabelecendo e vivendo uma normalidade entediante e uma vida feliz com um bebê saudável.

Então, descobri que estava grávida de novo e o mundo mudou. 

Me sinto culpada por, em meio a todo esse caos, estar achando fácil lidar com seus primeiros meses de vida. Sim, estamos isolados, mas isso não é novidade. Você e eu passamos nossos dias juntos na mesma casinha sem ir a lugar nenhum e sem ver ninguém. Temos nossas rotinas, nossas danças, nossas canções. Você tem seu chocalho favorito e eu tenho minha caneca de chá favorita. Eu canto “Starman” para você e você balbucia de volta como se soubesse que tudo vale a pena.

Seu pai, sua irmã e eu sentimos falta do jeito que as coisas costumavam ser. Sentimos falta da nossa família. Você está sempre feliz porque não conhece ninguém além de nós e desta casa. Você acorda sorrindo e rindo de nós todos os dias e isso me anima completamente. Houveram momentos difíceis, como quando não sabíamos se era mesmo seguro deixar seu pai segurá-lo depois de os turnos de trabalho com pacientes positivos para covid-19. Ver a dor nos olhos dos seus avós através do FaceTime ,sabendo que tudo o que eles querem é abraçar você. Mas também houve momentos de pura alegria, como quando papai recebeu o telefonema para sua primeira dose da vacina. Para mim, seria impossível olhar para o seu rostinho novinho em folha sem sentir otimismo para o futuro.

Obrigada por seus sorrisos, Nate.

Eu amo Você,

Mamãe”

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