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sexta-feira, 26 abril, 2024

Cidades barulhentas

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Não há medições oficiais, mas todos já perceberam que a cada dia que passa as cidades estão mais barulhentas. Uma verdadeira ofensa aos ouvidos. São as motocicletas desprovidas de silencioso com motociclistas desprovidos de cérebro; são carros equipados com potentes amplificadores e caixas de som, espalhando o que chamam de música; são as furadeiras e maquitas furando concreto e cortando cimento… e com isso, as pessoas precisam falar mais alto para serem ouvidas.

O barulho é tão festejado que há adesivos, à venda em bancas de jornais, exaltando a balbúrdia – Inimigos do Silêncio. E há motoristas com microencefalia que compram essa porcaria para colocarem em seus carros. Diz-se que o silêncio é necessário ao pensamento e à meditação. Então fica explicado: no mundo atual poucos pensam, são autômatos, controlados por celulares e computadores.

Antes era o apito das fábricas que interrompiam o relativo sossego em que viviam as cidades. Não chegavam a perturbar. Ao contrário, sabia-se o horário por certos apitos, tocados nas trocas de turno ou intervalos para almoço ou jantar. Os sinos das igrejas tinham o mesmo papel. Hoje restam poucas fábricas para apitar e um sem número de igrejas ditas evangélicas que não têm sinos – preferem cofres recheados com o dízimo de seus fiéis.

O barulho chegou para ficar porque a raça humana – ou o que dela restou – assim prefere. Nâo é preciso pensar, basta ter um celular. As escolas nem ensinam mais certas coisas, como a velha taboada ou regras de acentuação. Aboliram-se inúmeros acentos porque ninguém estudava as regras. Informalmente, e não oficialmente, parece que o cérebro da maioria também foi abolido. O mundo realmente mudou. Nossas cidades realmente mudaram.

Há 30 anos, jovens não sabiam matemática. Há 20 anos, não sabiam nem matemática nem português. Há dez anos, não sabiam matemática, português e o que é educação. Hoje eles nem sabem se são meninos ou meninas. Nesse caso, também com barulho.

Urbem
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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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