Há muito tempo se discute a segurança do voto. Uns dizem que deveríamos usar papel, outros garantem que a urna eletrônica é segura. Uns falam que o sistema americano é melhor, outros que nós somos exemplo de tecnologia. O problema não está na urna nem no papel. Está no eleitor e nos políticos. Um faz de conta que fala sério, outro faz de conta que acredita.
Quando a votação era em cédula (papel) havia fraudes. Ou na hora de votar ou na hora de apurar. Comitês políticos produziam réplicas da cédula oficial a título de propaganda do candidato. O eleitor de cabresto ia à seção eleitoral, fingia que votava e colocava na urna a cédula falsa. Trazia para o comitê a cédula oficial, que era preenchida ali mesmo. O processo se repetia durante toda a votação – quem ia votar trazia uma cédula em branco de volta.
Na apuração, preenchia-se os votos em branco para o candidato que melhor pagasse. Depois havia fraude na hora de fazer o mapa da urna, e outra fraude quando se passava o mapa da urna para o mapa geral. A urna eletrônica acabou com isso, mas em todas as eleições há suspeita de fraudes. Agora fraudes eletrônicas.
Um exemplo típico da velhacaria das eleições é a relação entre candidato e eleitor. Há candidatos que contavam com mais de mil votos (os tais votos garantidos) e no final não passaram de algumas dezenas. Decepcionados, afirmam que o eleitor é falso. Não há dúvidas que seja. Afinal, muitos candidatos também são falsos, prometendo o que jamais irão cumprir. É uma espécie de vingança.
Esse problema só terá solução quando houver maturidade e consciência tanto de eleitor quanto de candidato. Quando os ministros do TSE forem levados a sério por suas decisões e conduta. Quando não houver casuísmos. Quando as regras valerem para todos. Quando houver somente candidatos bem preparados, com propostas sérias e reais.
Até lá, qualquer tentativa não passa de achologia. O candidato não vale nada, o eleitor também. Não há papel ou urna que resita a tanta safadeza. Vivemos no Brasil.
