É quase impossível proibir a divulgação de notícias falsas, as fake news. E se alguém pensou que com as medidas anunciadas para coibir as fake news nas eleições de novembro, quando serão escolhidos prefeitos e vereadores, pode tirar o cavalinho da chuva. As eleições deste ano terão os mesmos problemas das eleições de 2018 – excesso de fake news e desinformação. Quem estuda o tema acredita que as regulamentações da Justiça Eleitoral e o cuidado que as redes sociais passaram a ter com as notícias, vai diminuir a desinformação, mas não eliminá-la.
E neste ano, por causa da pandemia. as campanhas eleitorais deverão ter novo formato, o que vai tornar a internet um terreno fértil para tudo. E pelo jeito não vai falar dinheiro para se investir nos meios eletrônicos – só do Fundo Eleitoral são mais de R$ 2 bilhões. Conta-se também com a morosidade da Justiça – quase dois anos após tomar posse como presidente, Bolsonaro ainda tem ações correndo no Tribunal Superior Eleitoral, algumas por disseminação de notícias falsas.
E a campanha já começou. Oficialmente é a pré-campanha de prés-candidatos. Pelo Facebook, circulam posts e mais posts de gente pregando segurança, saúde e educação. Alguns descarados, com os logotipos que certamente essa gente vai usar na campanha oficial, o que hoje seria propaganda antecipada.
O WhatsApp limitou o número de encaminhamentos de mensagens, mas não consegue conter os grupos, o que torna o crescimento de mensagens – falsas ou verdadeiros – em crescimento exponencial. Basta levar em conta que uma mensagem divulgada num grupo de 200 pessoas poderá ser repetida para outras 200, e assim sucessivamente. No final do dia, essa mensagem terá se transformado em milhões.
E notícia falsa, se bem produzida, tem o dom de chamar a atenção e se espalhar. O autor pode ser identificado, processado, preso e até condenado à morte que não vai adiantar nada – o estrago já está feito. Se uma mensagem atribuir determinado defeito a um candidato a prefeito ou vereador, a lama grudou. Desmentir é pior ainda – poucos acreditam em desmentidos. E quanto mais o atingido desmente, maior é a desconfiança do eleitorado.