Num tempo em que havia menos tecnologia e o que importavam eram o braço e a coragem, pilotos passaram de heróis a ilustres esquecidos pelo tempo
Quando chega a hora de parar, muitos pilotos de Fórmula Um estão preparados (e ricos). Mas nem sempre suas despedidas são em clima de festa. Embora sua aposentadoria tenha sido forçada por um acidente enquanto esquiava, Michael Schumacher está praticamente esquecido, apesar de seus sete títulos mundiais e inúmeros recordes nas pistas. Mas Schumacher é uma exceção.
Há pilotos que são surpreendidos até com sua despedida. Foi o caso de Jacques Villeneuve, canadense que corria pela BMW em 2006. No Grande Prêmio da Alemanha (o 12º da temporada), Villeneuve estava em 15º lugar quando sofreu acidente e precisou abandonar a prova. No GP seguinte, o da Hungria, Villeneuve pediu para não correr, para se recuperar da pancada na Alemanha. A BMW colcou na pista, em seu lugar, o reserva, Robert Kubica, que fez boa corrida, terminando em sétimo lugar. Foi desclassificado depois por causa de uma irregularidade no carro. Mas Kubica deixou boa impressão, o que surpreendeu Villeneuve – a BMW o dispensou sem explicações. Foi o fim de sua carreira.
David Coulthard foi outro azarado. Em 2008 preparou sua despedida das corridas. Correndo pela Red Bull, anunciou que se despediria das pistas na última prova. Tudo bonitinho – foi homenageado por outros pilotos, conseguiu da equipe uma pintura personalizada em seu carro, e uma câmera instalada em seu capacete para registrar suas emoções de adeus. Essa despedida estava programada para Interlagos. David largou na 14ª posição, e alguns metros após ficou foi atingido na traseira pela Williams de Nico Rosberg e em seguida por Kazuk Nakajima. Fim de corrida, fim de despedida, sem festa, sem emoção. Só raiva.
Uma equipe, a Tyrrel, era furor nos anos 70, quando chegou a ser pilotada por Jack Stwart. Inventou até o carro de seis rodas, que por incrível que pareça, funcionava. Mas depois veio a decadência. Os maus resultados obrigaram os donos da equipe a vendê-la, e ela passaria a se chamar BAR. A despedida estava programada para o Japão. De seus dois pilotos – Tora Takagi e Ricardo Rosset – Rosset não conseguiu classificação para a prova. Tora estava em 15º lugar, quando foi abalroado pela Minardi de Esteban Tuero. Fim de corrida para os dois, fim de linha para a Tyrrel.
Há mais despedidas melancólias. Emerson Fittipaldi, que havia sido campeão da Fórmula Um duas vezes, inventou de fazer um carro nacional. O F-5 começou a correr em 1975, mas cinco anos depois Fittipaldi se despediu da categoria sem muito sucesso. Recuperou seu prestígio na Fórmula Indy, quando voltou às pistas e ganhou o Grande Prêmio de Indianapolis, nos Estados Unidos. Antes dele, outro piloto deixou de correr por acidente – José Carlos Pace, o Moco, que pilotava seu avião quando sofreu pane e caiu. Pace hoje dá nome ao Autódromo de Interlagos.