Nora Rónai nasceu na Itália e está no Brasil há 79 anos. Formada em Arquitetura, e hoje com 96 anos, está lançando seu terceiro livro, O desenho do Tempo, onde conta como foi reconstruir sua vida depois de uma fuga da terra natal pelo fato de ser judia.
Nora nasceu em Fiume, que hoje pertence à Croácia. Em 1941 o nazismo já dominava boa parte da Europa, e a família de Nora resolveu sair da Itália. Destino: Brasil. Viajando na terceira classe de navio, o pai Edoardo, a mãe Iolanda e o irmão Giorgio chegaram no Rio de Janeiro.
Foi bem recebida. Em 1950 formou-se em Arquitetura. Com 20 anos, tornou-se atleta de saltos ornamentais, ganhando campeonatos após campeonatos. A natação a marcou – depois dos 60 anos, continuou nadando. “Faz bem para o corpo e para a mente. Está triste? Caia na piscina e nade. Depois dos 400 metros, não existe mais problemas”, diz ela.
O ponto de partida do livro de Nora é sua chegada ao Rio. Há trechos de seu diário de viagem também. Ela se considera uma pessoa de sorte. Casou com Paulo Rónai, húngaro e também refugiado, e com ele teve duas filhas, Cora e Laura.
No livro, ela narra também a volta à Europa, em 1964, com o marido. Não tem saudade. “Os europeus são egoístas. O brasileiro gosta do outro. Na alma, somos o povo mais democrático que conheço”, diz ela, naturalizada brasileira desde 1949.
Com livro novo, Nora enfrenta outro desafio, o da pandemia, mas tem como explicar. “Na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial, ainda adolescente, tinha de me refugiar num porão para me proteger de bombas. Quarentena por quarentena, é melhor ficar em casa do que num porão alagado”.