31.3 C
Jundiaí
sábado, 27 abril, 2024

Afinal, por que ‘Green Book’ é tão criticado?

spot_img

Após ter levado cinco estatuetas do Globo de Ouro, Green Book: O Guia confirmou o favoritismo também no Oscar, no último domingo (24). A produção foi a grande vencedora em três categorias: Melhor Ator Codjuvante (para Mahershala Ali), Melhor Roteiro Original e Melhor Filme, sendo esta última a categoria mais importante da noite. As críticas sobre o longa, porém, não são de hoje e já tinham causado um mal-estar entre críticos e familiares envolvidos na história.

Green Book conta a história real de Don Shirley (Mahershala Ali), um pianista prodígio que entra em turnê pelo Sul dos Estados Unidos — região conhecida por ser extremamente racista — com seu motorista, Frank Vallelonga (Viggo Mortensen), que é branco.

No filme, após um ano dividindo a estrada da turnê, a amizade entre Shirley e Vallelonga, também conhecido como Tony Lip, se consolida. O maior problema, segundo críticos, é que o filme privilegia a visão dos fatos de Vallelonga, já que foi seu filho, Nick Vallelonga, responsável por documentar e roteirizar o longa em homenagem ao seu pai.

Reconhecido no Globo de Ouro e agora no Oscar, o filme foi duramente criticado pela família de Shirley, que disseram que o filme “passa pano” para brancos. No ano passado, familiares do artista disseram em entrevista ao portal Shadow and Act que a trama do longa e amizade entre os personagens é um “enorme desvio da verdade”. De acordo com eles, nenhum dos membros da família foi sequer consultado sobre o filme.

Edwin Shirley III, sobrinho de Shirley, aponta que o pianista, que morreu em 2013 aos 86 anos, não considerava Tony um amigo próximo — como Vallelonga retratou no longa. Além disso, a polêmica envolvendo o filme ganha ainda mais força com a família de Shirley alegando que, diferente do que foi retratado na tela, o pianista foi muito envolvido com o movimento dos direitos civis, mantendo uma amizade próxima com o Dr. Martin Luther King e outros músicos negros, como Nina Simone, Duke Ellington e Sarah Vaughn.

Segundo as críticas, a produção coloca Tony Lip como um tipo de salvador branco, que se encarrega de ensinar Shirley dos prazeres da vida, inclusive da própria cultura afroamericana, como comer frango frito e a conhecer o trabalho de artistas negros, como Aretha Franklin.

Apesar das críticas à premiação, o Oscar finalmente reconheceu produções com importantes diretores e atores negros. Prova disso é como Pantera Negra levou como Melhor Figurino, Melhor Design de Produção, Melhor Trilha Sonora; Infiltrado na Klan como Melhor Roteiro Adaptado) e Se a Rua Beale Falasse que levou como melhor atriz coadjuvante para Regina King.

Esses três longas foram muito elogiados pela diversidade de formato e elenco. Pantera Negra, por exemplo, foca na vida do primeiro super-herói negro e de origem africana a protagonizar um longa.

Infiltrado na Klan, dirigido por Spike Lee, se destaca por retratar a vida de um policial negro que tenta se passar por um indivíduo branco interessado na Ku Klux Klan — movimento extremista calcado no nacionalismo branco.

E Se a Rua Beale Falasse é um longa inspirado no romance de James Baldwin, escritor negro conhecido por quebrar tabus em suas publicações.

Spike Lee, que dirigiu Infiltrado na Klan, disse que “o árbitro fez uma decisão ruim”, sobre a vitória de Green Book como melhor filme. O diretor, inclusive, se retirou do teatro quando foi anunciado que o longa sobre Shirley e Vallalongo venceu a principal categoria da noite.

Novo Dia
Novo Diahttps://novodia.digital/novodia
O Novo Dia Notícias é um dos maiores portais de conteúdo da região de Jundiaí. Faz parte do Grupo Novo Dia.
PUBLICIDADEspot_img

SUGESTÃO DE PAUTAS

PUBLICIDADEspot_img
PUBLICIDADEspot_img

notícias relacionadas