Podemos afirmar que 2018 foi atrabiliário. Talvez macambúzio. Não fossem os hipócritas que despejaram suas verrinas durante a campanha eleitoral, seria letárgico. A cruzada em busca de um assento com apanágios não teve vencidos e vencedores. Estabeleceu-se um grande contubérnio. E chegamos a dezembro.
Fala-se em dezembro vermelho. Não é. Dezembro é o mês da hipocrisia. Da perfídia. Das mensagens enviadas pela praga da era moderna, o WhatsApp. Dos abraços própios do Myrmecophaga tridactyla. Ou de Tremarctos, Melursus e Helarctus.
Dezembro é o mês dos alaridos nas mesas de bares e restaurantes em convescotes operários. Onde se trocam presentes em meio a prantinas e à jucundidade. Mês das mercas infrenes. Do deleite de usurários travestidos de bancos e financeiras. Prafraseando um quinhão recente, hipocrisia acima de tudo.
Quando havia custo para se ter um cartão de Natal, havia critério apurado no a quem enviá-lo. Somente aos próximos, ou aos muito próximos. Com o WhatsApp é próximo a uma velhacada. E mensagens de Natal, com sininhos, flores, e arremedos de neve tornaram-se pandemia.
Dezembro vai passar. Suceder-lhe-á o tempo das jeremiadas. Das contas vincendas. Dos impostos. Do pungimento pelos gastos. Da briga quase eterna com a balança. Da metanóia pelos quilos a mais conquistados em demoradas ceias e fartos regabofes dezembrinos.
Contudo, há de se ter esperança, coisa típica de qualquer introito anual. E fé. A mesma fé de alquimistas que tentaram transformar chumbo em ouro. O chumbo continuou sendo chumbo. O ouro nunca deixou de ser ouro. O desalentado acredita. O introspectivo não.
Já dilaceram suas consciências os contumazes mandriões. Há parcos feriados propícios a emendas em 2019. Há de se festejar o herói das Alterosas num domingo. Domingo de Páscoa, precedido de um sábado de Aleluia e uma Sexta-feira santa. Há de se mostrar o garbo cívico da Independência num sábado. Há de se comemorar a República numa sexta.
Arvoram-se os descridos antevendo os rumos de 2019 como a ante-sala do inferno. Corrumes políticos, lembre-se sempre. Mas 2019 também haverá de passar. Só não passará para quem, até o próximo dezembro, sucumbir ao inexorável ritmo biológico e se apresentar ao Criador. Ou a Satanás.
Só há uma asseveração – dentre os cartapácios, o pai de todos os muares não deve permanecer numa dunquerque.