Kassab, dono do PSD, também pegou propina da JBS

Gilberto Kassab pegou mais de R$ 40 milhões de propinas. Dinheiro ajudou candidaturas do partido no ano passado
Primeira parte: Gilberto Kassab, hoje ministro da Ciência e Tecnologia, foi delatado na Lava Jato. Segundo o delator, ele levou quase R$ 18 milhões para deixar o PSD tinindo para as eleições de 2014.
Segunda parte: Kassab levou R$ 20 milhões da JBS (Friboi) por meio de um contrato de araque. O dinheiro foi repartido entre o partido (para financiar candidatos do PSD) e o próprio Kassab. A história: Wesley Batista, um dos donos da JBS, contou aos procuradores da Lava Jato que entre 2009 e 2016 Kassab embolsou R$ 20 milhões.
Outro delator, o ex-diretor da JBS Ricardo Saud, confirmou o pagamento. Havia outros pagamentos, que eram feitos pelo Frigorífico Bertin. Quando a JBS comprou o Bertin, ficou decidido que tais pagamentos teriam de continuar.
Além de um contrato quente, havia outro, frio, a título de “overprice”. E com ele Kassab recebia R$ 350 mil por mês. Tem mais: Ricardo Saud afirmou que além disso, foram pagos mais R$ 7 milhões para campanhas políticas do ministro e para candidatos do partido por ele indicados.
“O Kassab fez uma coisa: uma parte do dinheiro ele pôs para a campanha dele no Senado, uma parte dele ele ajudou uns candidatos dele, e uma parte ele tirou para ele, pessoa física”, contou Saud. Os nomes dos candidatos ajudados pela propina da JBS nas eleições do ano passado ainda não foram divulgados.
O ex-diretor da JBS detalhou a história: “Ele (Kassab) pediu pra gente guardar lá 7 milhões para ele, desses 7 milhões ia dividir em 22 parcelas de 250. Tinha impostos. Então, ficou 5,5 milhões, divididos em 22 parcelas de 250. Ele fez na empresa do irmão dele, chamada Yapi Consultoria e Debates Ltda. Isso foi feito com nota fiscal dissimulada, nenhum tipo de prestação de serviços, fria, gelada mesmo”.
Kassab, como todos os demais denunciados, se diz inocente. Em nota, afirma que “não houve qualquer recebimento de recursos pessoais pelo ministro, o que ficará devidamente comprovado”. Com relação às menções a repasses durante as eleições, Kassab garante que as doações recebidas foram registradas junto à Justiça Eleitoral.
No caso anterior, da Odebrecht, Kassab é acusado de ter recebido quase R$ 18 milhões de propinas. Fazendo as contas: 20 milhões da JBS, mais 7 milhões da própria JBS e mais 18 milhões da Odebrecht são 45 milhões. Um banho no senador Aécio Neves, que levou só R$ 2 milhões da JBS. Oficialmente.