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Jundiaí
segunda-feira, 29 abril, 2024

Lições de um dia de chuva: estamos perdidos

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Bastou chover na segunda-feira para a cidade se transformar em caos e mostrar falta de estrutura e preparo
A segunda-feira passada (6) amanheceu como um dia comum, mas prenunciava chuva. Pouco antes do meio-dia começou chover, e a partir daí Jundiaí se transformou – a cidade do futuro retornou à rotina de problemas, típica da falta de estrutura e preparo.
Não faltaram justificativas, oficiais, semi-oficiais e informais sobre o que estava acontecendo. Na rua dos Bandeirantes, por exemplo, havia sido feita a poda de árvores, mas os galhos não foram recolhidos de imediato – ficaram depositados nas calçadas e nas sarjetas. A chuva se encarregou do resto.
O rio Jundiaí transbordou em alguns pontos. Ruas e avenidas ficaram alagadas. Na Ponte de São João, uma escola, a Pedro de Oliveira, manteve crianças – seus alunos – do lado de fora, tomando chuva, pois os funcionários tinham ordem de não abrir os portões. Na mesma Ponte, mais ruas alagadas, carros parados por problemas elétricos e mecânicos.
Em outros lugares, semáforos que não funcionaram, o que já é praxe. O Centro virou uma babel, e ninguém se entendeu. Congestionamentos duraram o dia todo. E até os eficientes e generosos bancos pararam de atender por falta de sistema.
Foi o dia em que brotaram frases já conhecidas, como “o povo joga lixo no rio e é por isso que ele transborda”; ou “motorista de Jundiaí não sabe dirigir na chuva”; ou ainda, “nada se pode fazer contra a mãe natureza”. Não é bem assim.
Há mais de vinte anos Jundiaí está recebendo muita gente de outras cidades, notadamente a Capital, atraída pelas facilidades de compra de casas e apartamentos, tal o volume de lançamentos imobiliários na cidade, incentivados pelo poder público. Num ponto, isso é ótimo para todos. Noutro, péssimo para a maioria.
A razão é simples – a estrutura da cidade continua a mesma de vinte anos atrás. A população da cidade é de 400 mil habitantes atualmente, segundo o IBGE. O número de carros aumentou horrores. E nesse tempo não foi construída uma única avenida, um único hospital, uma única escola.
Rios e córregos não têm atenção e prevenção do poder público – há quanto tempo não se vê uma draga fazendo o desassoreamento esses lugares? A rede de água e esgoto pouco aumentou nesse tempo, e certamente não acompanhou o ritmo de crescimento da cidade. A procura por escolas, creches e hospitais públicos também aumentou.
Mas esses problemas não importam. A especulação imobiliária é mais importante, o lucro está acima do bem estar da maioria. Talvez o poder público esteja planejando a mudança de todos para um lugar mais tranquilo e livre desses fenômenos naturais. Marte seria um bom destino. A chuva do futuro também já chegou.

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