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sexta-feira, 3 maio, 2024

Intelectuais fazem críticas à Rede e deixam partido de Marina Silva

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Grupo de intelectuais filiados à Rede Sustentabilidade, partido criado pela ex-senadora Marina Silva, divulgou nesta segunda-feira (3) carta aberta com críticas ao posicionamento político da agremiação e anunciando desfiliação. Os dissidentes afirmam que a sigla “tem se construído como uma legião de pessoas de boa vontade e nenhum rumo”.

O documento é assinado por Luiz Eduardo Soares, Miriam Krenzinger, Marcos Rolim, Liszt Vieira, Tite Borges, Carla Rodrigues Duarte e Sonia Bernardes e é direcionado à direção nacional do partido.
“A sociedade brasileira não sabe o que pensa a Rede, nem consegue situá-la no espectro político-ideológico. A autoindulgente declaração de respeito às diferenças internas não basta para dar identidade a um partido e justificar sua existência. Pluralista, internamente, o PMDB também é, o que, aliás, lhe tem sido muito conveniente”, diz a carta, acrescentando que a agremiação jamais se posicionou claramente sobre temas importantes como reformas trabalhista, previdenciária e fiscal; aborto; desmilitarização das polícias;  política econômica, entre outros.
“A Rede tem se estruturado sobre um vazio de posicionamentos políticos. Inicialmente, imaginávamos que esta lacuna poderia ser explicada pela fragilidade do próprio partido, pela inexperiência de grande parte de seus dirigentes e militantes e pela enorme diversidade interna que demandaria um processo cuidadoso de construção de “consensos progressivos”. A experiência que tivemos nos foi demonstrando, entretanto, que o deserto de definições a respeito de temas centrais nas disputas políticas contemporâneas não era um subproduto de nossas limitações, mas o produto de uma postura determinada que evita as definições, porque percebe que cada uma delas pressupõe um custo político-eleitoral”, acrescentam os intelectuais.
Os dissidentes ressaltam que o partido é “politicamente dependente” de Marina Silva e afirmam que todas as decisões importantes são tomadas pela ex-ministra do Meio Ambiente sem que os demais membros sejam consultados. Eles citam como exemplo a adesão dos integrantes da cúpula da Rede ao PSB em 2014, quando a agremiação ainda não havia obtido registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Marina iria compor a chapa presidencial com o correligionário Eduardo Campos, que morreu no mesmo ano em um acidente aéreo em Santos. Após a tragédia, ela assumiu a candidatura.

Impeachment

Outra decisão de Marina que foi criticada pelo grupo de opositores foi o apoio ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “O partido aliou-se ao movimento que entregou o poder ao PMDB e a um grupo político envolvido nas investigações da Lava Jato e comprometido em aplicar políticas radicalmente contrárias ao que sempre supomos fossem os valores e os objetivos da Rede.”
Os agora ex-filiados reconhecem as críticas ao governo Dilma, mas apontam que “Temer chegou à presidência para impor ao País uma agenda regressiva e reverter as poucas conquistas sociais do último período”. “O que estava em curso, verdadeiramente, era um deslocamento político da Rede em direção ao bloco hegemônico. Um exemplo desse fenômeno foi o lamentável processo de aliança com o PMDB em larga composição conservadora em Porto Alegre, onde poderíamos ter composto com Luciana Genro, do Psol, que nos ofereceu espaço na chapa majoritária e protagonismo na definição programática e na composição de um eventual governo de corte reformador e republicano.”
A assessoria de imprensa da Rede foi procurada para comentar sobre as críticas dos ex-integrantes do partido, mas não se posicionou até o fechamento desta reportagem.

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