A volta por cima de Mel Gibson

Hollywood finalmente perdoou Mel Gibson. Os dez anos como persona non grata foram suficientes para castigá-lo pelos comentários antissemitas, por dirigir bêbado e por outros escândalos de racismo e violência doméstica. Depois de perder contratos e até amigos nos estúdios de cinema, o ator australiano caminha para reconstruir sua imagem na indústria com novos projetos como ator e diretor – além da disposição para rir de si mesmo.
“Senti muita falta de filmar. É uma das coisas mais divertidas que consigo fazer em pé”, afirma Gibson, achando graça da própria piada. “Como me sinto aos 60 anos? Melhor que aos 70”, emendou, durante entrevista em Cannes, na França, para promover o filme Herança de Sangue, em cartaz no Brasil a partir de 8 de setembro.
Em seu novo papel, o ator relembra os tempos em que protagonizava filmes de ação – apesar do físico e fôlego não serem mais aqueles de Mad Max e Máquina Mortífera” que o consagraram nos anos 1980. “Como já estou velho, saí de uma cena de perseguição com o pescoço machucado. Se tivesse juízo, deveria ter deixado para o dublê”, disse ele.
A trama, dirigida pelo francês Jean-François Richet, é na medida – um ex-presidiário em busca de redenção luta para que a filha de 16 anos, envolvida com gangue de traficantes de drogas, não cometa os mesmos erros. A lição de moral parece valer também para o ator.
Os problemas de Mel Gibson começaram com o fim do casamento de 31 anos com Robyn Denise Moore, em julho de 2006. Logo depois, ele foi preso por dirigir bêbado e ofendeu os policiais – judeus – dizendo que eles eram “responsáveis por todas as guerras do mundo”.
O pedido de desculpas à comunidade judaica aliviou, mas Gibson se envolveu em novo escândalo em 2010. Ele usou expressões racistas em conversa que vazou na internet com a ex-namorada, a russa Oksana Grigorieva. Desde então, nada deu certo em sua carreira. Ele só atuou em fracassos.