publicidadespot_imgspot_img
32.3 C
Jundiaí
domingo, 6 outubro, 2024

Editorial: Desprezo sem igual

publicidadespot_imgspot_img

Assustam os números de qualquer pesquisa eleitoral, oficial, registrada ou feita por conta – tem muita gente afirmando que não sabe em quem votar, e isso é até compreensível. É a dúvida constante, a decisão de última hora, o desconhecimento dos candidatos. Mas tem um batalhão de gente dizendo que não vai votar em ninguém. Ou vai anular ou simplesmente deixar de comparecer. Melhor e mais barato pagar a multa, dizem.
Nota-se que há um desprezo pela classe política em geral. Parte desse desprezo é reflexo do que tem acontecido recentemente em Brasilia – não há escândalo, falcatrua ou negociata em que não haja algum figurão envolvido. Se não está no meio do rolo, está bem perto. Basta ver o noticiário, do mais singelo ao mais profundo.
Até a Rede TV!, que tem coragem de colocar Nélson Rubens, Sônia Abrão e João Kleber em sua programação, noticia os escândalos no parco tempo dedicado ao jornalismo. E parte desse desprezo vem da desilusão com certas figuras públicas, mais conhecidas como promessinhas do que propriamente pelo cargo que ocupam.
Assustados com o volume de correspondência em suas caixas de correio, alguns jundiaienses já colocaram um cesto de lixo amarrado ao portão ou grade, acompanhado de um cartaz, avisando os panfleteiros para colocar propaganda política no cesto, não na caixa de correspondência.
Não precisamos chegar a tanto. Há candidatos educadíssimos, com boas intenções e propósitos. Mas há muitos porcolinos, que colocam seus santinhos em parabrisas de automóveis, em garagens, em caixas de correspondência sem pedir licença. E o cidadão que se dá ao trabalho de ler o que apregoam fica ou revoltado ou rindo à toa.
Há candidatos sem noção. Querem ser vereadores, mas não sabem qual o papel de um vereador. Prometem obras, como se pudessem fazê-las; há gente até prometendo construir hospital, como se a Câmara ou a Prefeitura funcionassem como pastelaria. E, pior de tudo, há quem acredite.
Embora a legislação eleitoral tenha ficado mais rígida, proibindo brindes e outros agrados, já proliferam os torneios de truco e caxeta nos bares de bairros mais afastados. Todos devidamente patrocinados por candidatos, que ganham o direito de colocar uma faixa no boteco durante o torneio.
Sempre sai uma cervejada, por conta do candidato. No caso, nem é mais candidato. Já foi eleito o trouxa do boteco – patrocina o torneio de truco pela manhã, paga a cerveja e vai embora satisfeito, feliz da vida. À tarde, o esperto dono do boteco promove outro torneio, com outro candidato, com outra cervejada.
Há os que prometem empregos. Empregos seriam um eufemismo. Prometem uma colocação. Na classificação dos desesperados, há três tipos de ocupação: serviço (que não interessa a ninguém), emprego (precisa trabalhar só um pouco) e colocação (que não precisa trabalhar).
Em vez de jogar propaganda no lixo, melhor lê-las. Só assim o eleitor saberá quem é quem nessa história. Em vez de se desiludir, melhor escolher e colocar gente séria na Câmara do que ficar chorando pelos cantos. E é bom lembrar a velha máxima: quem não vota não tem direito de reclamar. A chance de reclamar estava lá, na urna. Não reclamou porque não quis. Agora é tarde Mané.

Novo Dia
Novo Diahttps://novodia.digital/novodia
O Novo Dia Notícias é um dos maiores portais de conteúdo da região de Jundiaí. Faz parte do Grupo Novo Dia.
PUBLICIDADEspot_img

SUGESTÃO DE PAUTAS

PUBLICIDADEspot_img

notícias relacionadas