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domingo, 6 outubro, 2024

A vida está muito chata

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Calma que não é uma exortação ao suicídio. Mas que a vida está chata, está. E muito. Tudo não pode, tudo é politicamente incorreto. Perdeu a graça. As pessoas estão chatas, mal humoradas. Burras também, a ponto de não entender certas brincadeiras. Ou a ponto de não entender referências a clássicos da literatura.
Quando crianças, tínhamos amigos com apelidos engraçados. Um deles, estrábico, era chamado de Zoinho. Outro, paraplégico, respondia por Mula Manca. Um outro, negro, era o Saci. Crescemos assim, todos amigos. Havia ainda o Ranho, o Unha, o Salaminho. Na juventude, uma das moçoilas que quebrava o galho do pessoal tinha um apelido singular – Ipê Roxo.
Ninguém se ofendia, ninguém brigava. Nossos professores batiam em nossas mãos com régua de madeira, puxavam nossas orelhas e mandavam bilhetinhos aos nossos pais – garantia de apanhar de cinta ou chinelo assim que o bilhete fosse lido.
Comíamos goiaba, ameixas e mangas no pé, sem lavar. Andávamos descalços, tomávamos banho em lagoas e rios. Ninguém ficava doente. Todo mundo estudava, lia, discutia o que lia, discordava, concordava. Todos eram amigos de verdade.
Até que surgiram as teorias que hoje dominam nosso mundo. Gente que nunca esteve numa sala de aula hoje é supervisor, coordenador e dita regras aos professores, proibidos de ensinar taboada e usar cartilha. É a modernidade do ensino, ou do emburrecimento coletivo.
Surgiram os médicos que dão entrevista na TV afirmando não podermos comer isso ou aquilo. Em vez de conversar, as pessoas preferem expor seus cães, gatos e orações no facebook. Não podemos mais apelidar. Tampouco podemos nos referir a pessoas de cor negra como pretos ou negros – são afrodescendentes.
Calma lá! Se são afrodescendentes, também não quero ser chamado de branco. Sou eurodescendente. Estudávamos as regras do Português e da Aritmética – nunca esperamos que algum jerico tivesse idéia de simplificar a língua porque todos acabariam burros. Nunca precisamos de uma lei, quando crianças, para dar lugar aos mais velhos e a senhoras nos ônibus.
Somos de um tempo em que locutor de rádio precisava ter voz, assim como cantores. Tempo em que músicos estudavam música. Um showzinho merreca atual, de um sujeito com violão, não é mais um recital, um show. É um acústico.
Estudamos Latim, Francês e tivemos noções de Grego. Hoje todos querem aprender Inglês, mesmo mal sabendo o Português. A vida ficou chata pra burro. As pessoas ficaram mais burras, estúpidas e mal humoradas. Nós, os bem humorados, somos loucos, anormais. Preferimos ser assim. O mundo que se f*#@!

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