Novo desafio para doutor Márcio: salvar o Paulista

União: Grupo formado por empresários funda nova empresa para ajudar tricolor sair da crise financeira
Desde o começo do mês o desembargador Márcio Franklin Nogueira é o novo diretor-presidente do Paulista Futebol Clube. Sua missão: salvar o Paulista da falência e voltar para a série A1 do Campeonato Paulista.
Acostumado a desafios, Márcio não está sozinho na empreitada – um grupo respeitável de empresários e torcedores formou o grupo para que o Paulista pare de dar vexame e volte aos tempos de glória – foi campeão brasileiro há nove anos e disputou a Taça Libertadores da América.
Mas hoje a situação é bem diferente. O clube está com dívidas – e não é pouca coisa – foi rebaixadopara a série A2, e se bobear sofre novo rebaixamento. Para reerguer o Paulista, a nova diretoria quer seguir um modelo holandês, do PSV – o Paulista tem semelhanças com o PSV. Ambos nasceram de idéias de funcionários. Na Holanda, numa fábrica de equipamentos elétricos. No Brasil, na antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
O grupo ficará responsável pela gestão financeira do clube, captando recursos para a formação da equipe e pagamento das despesas.A empresa Novo Paulista tem Márcio Franklin Nogueira como diretor-presidente e é formada por mais 21 pessoas e um conselho consultivo, devendo trabalhar paralelamente à diretoria eleita do clube, cujo presidente é Djair Bocanella. Até a conta bancária e o CNPJ serão diferentes.
O Paulista anda em baixa. O grupo calcula que as dívidas fiquem entre dez e vinte milhões de reais, mas possível de negociar. Sem resultados razoáveis, o público não vai ao estádio, o patrocinador foge e o círculo vicioso se forma. A meta do grupo é quitar as dívidas em dois anos.
Douglas Stephens, gerente executivo do Novo Paulista, afirma que a sociedade deu as costas ao clube – o que é verdade, mas é jusitificável pelas más campanhas. Seu principal objetivo é resgatar o amor que a cidade tem pelo clube, e com cinco ou seis bons patrocinadores,
mais outros pequenos, levar adiante a empreitada, tal qual fizeram os holandeses.
A comunidade de Eindhoven fez exatamente isso e o PSV é hoje o que todos já sabem. O Paulista, com o tempo, pode voltar a ser o bicho-papão de antes. Em 2004, por exemplo, eliminou o Palmeiras e disputou o título paulista com o São Caetano – acabou vice-campeão. Em 2005 a história foi outra: deu trabalho a Santos, Fluminense e outros grandes, terminando campeão da Copa Brasil, com direito a disputar a Libertadores no ano seguinte – logo eliminado.
Novos tempos – A formação do grupo Novo Paulista vem em boa hora. O Paulista precisa de credibilidade e seriedade. Não que o atual presidente, Djair Bocanella, que deve continuar no cargo, não tenha tais requisitos.
O problema é que nos últimos tempos muitas coisas estranhas aconteceram no Paulista, a começar com o envolvimento da empresa Lousano, que descaracterizou o clube, mudando seu nome. E problemas, quando aparecem, não estão sozinhos. Ex- jogadores acionaram a Justiça do Trabalho para receber o que lhes era devido.
Fornecedores ficaram com pé-atrás para dar crédito ao clube, e o torcedor se afastou. Agora o grupo quer a união da cidade – empresas, imprensa, torcedor – o que não é tão fácil, porém não tão difícil. As mudanças já começaram. O novo superintendente de futebol é Armando Bracali, já conhecido dos jundiaienses.
Com 105 anos de história (foi fundado em 1909), um estádio de causar inveja a muito clube considerado grande, o Paulista ganha novo remédio para seus males. Consciente da situação, Douglas Stephens está otimista, mas sabe ejá afirmou que primeiro é estancar os prejuízos, pagar contas em dia – incluindo salário de jogadores – e reconquistar a confiança da cidade:
“Temos um espírito vencedor e lutaremos pelo acesso. Não vamos decepcionar”, afirma Douglas Stephens.