Quando encontrados no intestino, eles devem ser retirados para prevenir o câncer
Quem já passou pela colonoscopia, ou conhece alguém que também fez o exame, já ouviu falar sobre a retirada de pólipos durante o procedimento. Principalmente porque essa informação é sinalizada no laudo do exame. Mas afinal, o que são esses pólipos? E por que eles merecem nossa atenção?
Segundo o coloproctologista Fábio Lopes, os pólipos se formam a partir do crescimento anormal da mucosa do intestino grosso (cólon e reto). “É uma condição comum; eles podem atingir entre 15 e 20% da população”, diz o médico.
A principal preocupação com a presença desses pólipos no intestino é o risco de se transformarem em um câncer no futuro. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, o câncer colorretal é a terceira neoplasia mais comum no Brasil. “Não é possível estimar exatamente em quanto tempo um pólipo pode virar um câncer, mas sabemos que quanto mais cedo eles forem retirados, menores as chances de se tornarem malignos”, pondera o médico.
Uma condição que preocupa os especialistas é o surgimento devido às condições hereditárias, como a polipose adenomatosa familiar, a síndrome de Peutz-Jeghers e a de Lynch. “No caso da Polipose Adenomatosa Familiar, os pólipos começam a se formar na primeira infância até a adolescência. A chance dessas pessoas terem um câncer de intestino chega a quase 100% aos 25, 30 anos”, diz Lopes. “Já a síndrome de Lynch pode predispor ao desenvolvimento do câncer a partir dos 30 ou 40 anos”.
Porém, mesmo indivíduos que não sejam portadores dessas síndromes podem desenvolver pólipos que no futuro poderão se transformar em câncer. “Essas pessoas que não são portadoras dessas síndromes, na verdade representam a maioria dos portadores de pólipos. É importante ressaltar que existem diversos tipos histológicos de pólipos com riscos diferentes de malignização”, explica o médico.
O principal exame para identificar a presença de pólipos e também para retirá-los é a colonoscopia, indicada para adultos com 45 anos ou mais. “Essa é a idade ideal para quem não tem nenhum fator de risco ou nenhum sintoma. Mas em casos de câncer colorretal na família ou presença de sintomas específicos, esse exame pode ser feito mais cedo, diz ele. Muitos pacientes têm receio de fazer a colonoscopia pois se trata de um exame realizado com sedação e preparação longa. Mas, embora tenha os riscos inerentes ao procedimento, ele é mais simples do que se imagina e muito importante. É um exame indolor e rápido”, sintetiza.
Segundo Fábio Lopes, o surgimento dos pólipos na maioria das vezes não vem acompanhado de nenhum sintoma. Porém, em alguns casos, pode haver sangramentos nas evacuações, cólicas, diarreias, presença de muco ou catarro nas fezes e obstrução. “Deve procurar um especialista aquele paciente que tem casos de câncer de intestino na família ou que tenha tido esses sintomas de forma recorrente. Além de todas as pessoas assintomáticas a partir de 45 anos”, orienta.