Não raramente, pacientes com ansiedade apresentam maiores riscos de serem acometidos por um infarto
O Brasil, que domina o topo do ranking de países mais ansiosos do mundo, com 9,3% da população convivendo com a condição segundo a Organização Mundial da Saúde, parece caminhar para um cenário ainda mais alarmante. De acordo com levantamento realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa durante a pandemia do novo coronavírus.
Além do quesito saúde emocional, o cenário preocupa visto que a ansiedade é uma doença psiquiátrica que não raramente pode coexistir com doenças cardiovasculares. O médico cardiologista Dr. Roberto Yano elucida que sintomas de ansiedade são considerados fatores de risco para doenças do coração, além de influenciar negativamente no prognóstico do paciente já cardiopata.
“Pessoas que são ansiosas ou até depressivas liberam mais fatores inflamatórios que, a longo prazo, podem prejudicar o coração, estando assim mais propícios a terem doenças cardiovasculares. A associação destas alterações químicas no corpo, com histórico familiar de doenças cardiovasculares e hábitos de vida ruins são um forte gatilho para a ocorrência de infarto, AVC e até morte súbita”, alerta o médico Roberto Yano.
Não raramente, os ansiosos dormem mal, tem pressão arterial elevada, níveis altos de LDL, colesterol ruim, e glicose, assim como baixos níveis de HDL, colesterol bom, o que aumenta as possibilidades de um problema cardíaco futuro. Outro fator é que é possível confundir os sintomas de ansiedade com o de doenças cardiovasculares.
“Em uma crise de ansiedade, a pessoa pode apresentar alguns sintomas semelhantes ao de um infarto. É comum haver dores no peito, palpitação, náusea, tontura e falta de ar, ou seja, algumas pessoas pensam que estão prestes a infartar. Por isso é importante buscar o pronto atendimento, o mais rápido possível, para que se possa realizar o diagnóstico e tratamento, que difere completamente entre uma doença e outra”, alerta o médico.
De outro modo, não raramente pessoas que sofrem de ansiedade podem ser acometidas por um episódio de infarto e, por pensarem que estão tendo apenas uma crise, demoram a procurar atendimento médico, fator que pode ser a diferença entre a vida e a morte do paciente.
Dessa forma, o cardiologista ressalta a importância do acompanhamento periódico de pessoas que apresentam as condições. “Há pacientes com diagnóstico de Transtorno de Ansiedade que aderem muito bem ao tratamento justamente por receio de um infarto, assim como existem aqueles que por medo, deixam de cuidar do coração”, afirma.
É importante, segundo o cardiologista, que o paciente com Transtorno de Ansiedade que apresenta alguma doença do coração seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar. “O acompanhamento com o cardiologista, com o psiquiatra e psicólogo é imprescindível para que esse paciente mantenha mente e coração saudáveis”, garante.