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terça-feira, 26 novembro, 2024

Uso exagerado de cosméticos pode causar presença de plástico na placenta

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Para médica, resultado de estudo inédito acende alerta sobre necessidade de mudança de comportamento de gestantes com relação ao uso de produtos de beleza na gravidez

No último século, a produção global de plástico chegou à marca de 320 milhões de toneladas por ano. Agora, um estudo inédito realizado por pesquisadores de diferentes instituições médicas e acadêmicas da Itália encontrou as primeiras evidências da presença de microplástico na placenta humana. Para a médica Jordanna Leão, que tem mais de 10 anos de experiência com acompanhamento fetal, o resultado é alarmante e reforça a importância de mudar a concepção que se tem do papel da gestante ao longo da gravidez.
De acordo com a pesquisa italiana, 12 fragmentos foram encontrados nas placentas de quatro das seis gestantes que forneceram material para o estudo. O microplástico é uma partícula com menos de cinco milímetros originada da degradação do plástico presente no ambiente.

Embora sejam necessárias mais evidências para definir o impacto desse material na gestação, acredita-se que ele possa ter influência no desenvolvimento do feto, em sua reação imunológica e na preparação da mãe. Segundo Jordanna, alguns números em torno da gravidez são preocupantes e podem estar relacionados a essa descoberta.
“Hoje, uma em cada quatro mulheres entra em depressão pós-parto no Brasil e menos de 40% conseguem amamentar exclusivamente. Se pensarmos bem, a depressão pós-parto é a não transformação da mente da mulher. Como mamíferos, nossa mente precisa se transformar para que nosso corpo acompanhe essa mudança, mas isso não acontece quando a gente não tem tudo que precisa ou quando somos bombardeados de substâncias e informações”, explica.

Para a médica, isso tem relação com o uso excessivo de produtos cosméticos, mesmo durante a gestação. Os dados da pesquisa italiana reforçam que o material encontrado nas placentas analisadas também é bastante presente em itens como cremes para o corpo, unhas em gel, esmaltes, entre outros.

No mesmo sentido, Jordanna afirma que o número de gestantes que ela observa em seu consultório fazendo uso excessivo desses produtos é alto. “Muitas vezes, recebo pacientes no consultório que têm dificuldade de realizar o exame de oximetria porque estão com unhas em gel tão grandes que não cabem no aparelho”, conta.

Diante da experiência acumulada em mais de uma década de acompanhamento fetal, a médica afirma que o comportamento das gestantes em relação ao papel que desempenham na gravidez precisa ser revisto. Ela explica que é comum que a mãe ache que seus hábitos se resumem a garantir que o feto não corra risco de morte, mas destaca que isso não é suficiente. Diante dos impactos causados pelos microplásticos, Jordanna aconselha que o uso seja drasticamente reduzido, tanto pelo risco de contaminação como pelo efeito causado na própria gestante.

“Ela enche seu corpo de cremes e produtos repletos de plástico, parabenos e outras substâncias que causam disrupção endócrina. Isso acontece porque esses cosméticos fingem ser um tipo de hormônio, mas não fazem a função hormonal”, explica.

Indo além, a médica argumenta que, embora sejam necessários novos estudos, é possível que o material que chegou à placenta também esteja presente em outros tecidos da gestante, causando efeitos nocivos ao seu desenvolvimento para a maternidade que podem ser determinantes para a saúde do bebê e para a relação da mãe. “O que vamos começar a ver é que o mundo moderno mudou bastante. É preciso entender a importância dos cuidados, de não usar qualquer creme, de evitar as unhas em gel, enfim, de ser o mais natural possível”, finaliza.

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