180 mil novas armas registradas, bem entendido. O comércio ilegal não é mensurado. Facilidade de acesso foi o principal fator de aumento – 91%
Em 2019, a Polícia Federal deu registro para 80.613 armas de fogo; no ano passado, foram 179.770 novos registros – aumento de 91%. Boa parte desse aumento pode ser creditado às facilidades introduzidas para a posse de arma, uma das bandeiras da campanha do presidente Bolsonaro. Nos dois anos de seu governo foram 273 mil novos registros.
Além de mudanças das regras promovidas pelo governo para facilitar o acesso a armas, especialistas em segurança pública consideram que a constante defesa de Bolsonaro e seus filhos a favor de que pessoas comuns se armem explica o crescimento dos novos registros pela Polícia Federal. É justamente a categoria cidadão que teve o maior número de novas armas registradas na Polícia Federal no ano passado: foram 122.378, o que representa quase 70% do total.
Enquanto Bolsonaro defende o acesso a armas de fogo para defesa pessoal, especialistas em segurança pública dizem que mais armas circulando causam aumento da violência e dos homicídios. Entre as mudanças introduzidas pelo governo nos últimos dois anos, está o aumento do limite de armas e munições que pessoas com porte de arma podem adquirir. Além disso, o governo também liberou acesso a armas de maior potencial ofensivo.
“Agora é muito mais fácil para qualquer um ter o registro. Não precisa mais provar efetiva necessidade (de ter a arma). Basta a palavra do cidadão dizendo que tem efetiva necessidade. Ou seja, acabou a restrição que existia antes de a Polícia Federal fazer uma análise para enxergar se havia uma efetiva necessidade. Isso significa que qualquer pessoa que tenha dinheiro para pagar um registro e comprar arma pode ter uma arma. Então foi um liberou geral da arma de fogo que vai contra o Estatuto do Desarmamento, afirma o especialista em segurança pública Daniel Cerqueira, presidente do Instituto Jones dos Santos Neves.
O fato de haver mais armas nas mãos do cidadão comum é apontado por alguns como fator de aumento do número de homicídios – argumento rebatido pelos que são favoráveis ao armamento, que alegam que quem quer matar não necessita, necessariamente, de um revólver. Os que são favoráveis ainda alegam que o número de armas em poder de bandidos – ilegais e sem registro – pode ser muito maior que o estimado pelas polícias.