Carlos A.B. Balladas
Jornalista, publicitário e empresário de comunicação.
Tenho certeza de que todos estamos conscientes da enorme gravidade da atual crise que se abate sobre o planeta no qual vivemos e de como deverá ser longa. ainda que uma tênue luz no fim do túnel pareça acender-se.
Um microscópico vírus coloca à prova a capacidade da humanidade de resistência.
Dos sacrifícios impostos, distribuídos de forma injusta sem uma ética que esteja subjacente à equidade, nenhum se equipara ao maior de todos: não possuir recursos para o sustento da família. Os governos e sociedade têm a obrigação de tudo fazer para combater o desemprego. É a correta política social a implementar, além de ser um imperativo ético.
Temos de olhar para a crise causada pelo covid 19 como uma excepcional oportunidade de mudança e tirar dela ensinamentos para construir uma sociedade melhor. Uma sociedade melhor deve rever o conceito de progresso. Este não deve estar associado ao desenvolvimento econômico.
E uma nova forma de desenvolvimento parece vir do que muitos cientistas sociais estão denominando de Renascimento Digital.
Como observa a historiadora Rebecca Spang, a próxima sociedade pós-crise encontrará seu objetivo em sistemas que catalisem um novo humanitus digital.
Este Renascimento Digital substituirá os dogmas do mercado pela renovação da espiritualidade e da cultura, e as tecnologias concernentes à Inteligência Artificial e à Big Data reformularão permanentemente a natureza do trabalho e contribuirão, com certeza, para forjar uma sociedade melhor.
A construção de um mundo melhor deve igualmente estar associada à redução da pobreza, ao reforço da coesão e inclusão social, à valorização do trabalho e à busca da felicidade coletiva.
Uma sociedade harmoniosa não pode sacrificar uma das fontes mais importantes da felicidade que consiste na boa qualidade dos relacionamentos humanos, em família, no trabalho e na comunidade. Uma sociedade melhor conta com mais sentido de responsabilidade coletiva, solidariedade social, menos individualismo e focada no bem comum. Os valores éticos e os valores materiais devem ter a mesma medida na régua que os mede, isto é, o ter e o ser devem estar em perfeito equilíbrio.
O Renascimento Digital nos apresenta o horizonte de esperança a construir, que deve, necessariamente, preservar a dignidade do ser humano.