Não é de hoje que alguns países, notadamente Israel, transformam a água salgada do mar em água doce, própria para consumo humano. Israelenses, por sinal, usam a água transformada na irrigação de sua agricultura. Agora, uma equipe de pesquisadores conseguiu desenvolver tecnologia que transforma grandes volumes de água salgada em potável em 30 minutos. A tecnologia usa energia solar para a transformação. A tecnologia foi anunciada pela Universidade Monash, em Melbourne, Austrália.
Fala-se muito do quanto de água existe no mundo – basta olhar mapas ou fotos feitas por satélites. Mas a realidade é outra: água própria para consumo humano, a água doce, está faltando no mundo. O filtro desenvolvido pelos pesquisadores só precisa de luz solar para gerar água doce – o que significa que o processo é de baixo custo, sustentável e limpo. Com o processo, o filtro (PSP-MIL-53) atrai e retém moléculas dos sais. Em seguida é exposto à luz solar para regenerar o sal, e isso em menos de quatro minutos. Depois disso, o filtro atrai o sal novamente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o recomendável para água potável é que ela tenha um TDS (Sólido Dissolvido Total) de menos de 600 miligramas por litro. Os pesquisadores conseguiram menos de 500 em meia hora. Um filtro tem capacidade de produzir 140 litros de água potável por dia. Segundo os pesquisadores, a nova água praticamente não oferece riscos à saúde.
Não há estimativa de custo para a fabricação em escala industrial do filtro, mas os pesquisadores enxergam isso como a solução para a falta de água no mundo. O filtro transforma em água potável não somente a água extraída do mar, mas também água salobra (aquela que não é doce e nem tão salgada quanto a do mar).
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que 1,1 bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso a água potável. Nos países em desenvolvimento, esse problema aparece relacionado a 80% das mortes e enfermidades. No século 20, o consumo da água multiplicou-se por seis – duas vezes a taxa do crescimento da população mundial. 26 países sofrem escassez crônica de água e a previsão é de que em 2025 serão 3,5 bilhões de pessoas em 52 países nessa situação.
A água doce, potável e de qualidade, está distribuída de forma desigual. O Brasil detém 53% da água doce da América Latina e 12% do total mundial, mas enfrenta problemas no que diz respeito à disponibilidade de tal recurso. Conforme aponta o relatório GEO Brasil Recursos Hídricos, divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), há enorme discrepância em relação à distribuição geográfica e populacional da água no país: a Região Hidrográfica Amazônica abriga sozinha 74% da disponibilidade de água e é habitada por menos de 5% dos brasileiros.
Segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. A irrigação corresponde a 73% do consumo de água, 21% vai para a indústria e apenas 6% destina-se ao consumo doméstico. Um bilhão e 800 milhões de pessoas (43% da população mundial) não contam com serviços adequados de saneamento básico. Diante desses dados, a triste constatação é de que dez milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças intestinais transmitidas pela água.