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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Um casal, uma cama. E os dois dormem tranquilos

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Num bom relacionamento, casais conseguem sincronizar a arquitetura de seu sono. Pode até acordar por causa de ronco, de uma mexida, mas depois volta a dormir. O sono é estudado há décadas, desde que se descobriu que é causa de irritação – basta ter uma noite mal dormida para se constatar – e que existem mais de 90 doenças relacionadas ao sono. Agora, um estudo publicado na revista Frontiers in Psychiatry demonstra que duas pessoas, em função do tipo de relacionamento que tiverem, conseguem sincronizar sua arquitetura do sono e isso provoca o aumento de 10% na duração da fase REM, o que por sua vez beneficia o sistema cognitivo, a memória, a regulação das emoções, a interação social e a criatividade. O primeiro a falar de um aumento da fase REM por dormir com outra pessoa foi Lawrence J. Monroe, em 1969.

“Qualquer mudança de ambiente ou pessoa pode prejudicar esta sintonia”, afirma Hennings Drews, autor principal do estudo e pesquisador do departamento de Psiquiatria e Psicoterapia na Universidade Christian-Albrechts, em Kiel (Alemanha). Ele explica que por isso, esses dados não podem ser generalizados nem extrapolados a casais que se conhecem há pouco tempo, que nunca dormem juntos, ou a relacionamentos de uma só noite. Outro estudo feito por Wendy Troxel confirmou que as características do relacionamento estão estreitamente vinculadas à sincronização do sono. “Monitoramos minuto a minuto durante 10 noites os casais e seus gestos, e encontramos 75% de sincronia. Além disso, essa sincronia é muito mais forte em casais consolidados”, afirma.

O sono ocupa um terço da existência e afeta diretamente a saúde e o bem-estar. “Existem mais de 90 doenças relacionadas com isso, e muitas outras que pioram porque dormimos mal, explica Joaquín Durán Cantoll, chefe do Serviço de Pesquisa do Instituto Bioaraba de Pesquisa Sanitária, da Espanha, que há mais de 30 anos trabalha nisto. Mas talvez não costumamos dar a importância que ele realmente tem, associando o sono à fraqueza, explica Wendy Troxel, pesquisadora do comportamento e ciências sociais no think tank RAND (Research And Development) e professora de Psiquiatria e Psicologia na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.

A equipe observou 12 casais sem transtornos do sono, todos jovens, heterossexuais e que haviam passado pelo menos três meses dormindo juntos em quatro noites seguidas. O método utilizado foi a polissonografia dupla simultânea, um método que captura durante o sono as ondas cerebrais, os movimentos, a respiração, a tensão muscular e a atividade cardíaca. Até agora, era usada principalmente a atigrafia, que analisa a estrutura do sono através da atividade corporal do paciente. Em vários trabalhos a quantidade de movimentos foi vinculada à alteração do sono, e deduziu-se que o melhor era dormir sozinho.

Os resultados do novo trabalho afirmam o contrário. “Surpreendeu-me muito ver que a presença de movimentos e gestos durante o sono não afetava o cérebro”, afirma Hennings Drews. Troxel reconhece a qualidade desse método que representa um avanço para a pesquisa: “O que se fez e se encontrou é muito interessante. É importante ver que o corpo da outra pessoa não é uma carga adicional, como se podia pensar, e sim um benefício”.

Além disso, a qualidade do sono anda de mãos dadas com a qualidade das interações sociais. “É como estar em um círculo vicioso. Se você dorme mal, o relacionamento com seu parceiro é pior e, portanto, na noite seguinte você custará mais a pegar no sono, e assim repetidamente”, explica Drews. A próxima etapa é fazer a mesma experiência com pessoas mais velhas, casais homossexuais ou de diferentes culturas, para obter mais variedade de amostras.

Há coisas que atrapalham o sono. Segundo a Associação Espanhola da Síndrome das Pernas Inquietas (Aespi), o sono é uma eterna dança e traz sacudidas que acontecem com frequência de 20 a 30 segundos durante a noite, causando interrupções no sono. Para evitar o problema, especialistas recomendam não consumir substâncias com cafeína, manter horários regulares e fazer alongamentos, além de banho quente para relaxar os músculos.

Ciência explica como dormir confortavelmente no frio

Escolher o pijama e as cobertas mais quentes para as noites frias nem sempre é o mais indicado para ficar confortável

Durante o inverno, dormir de forma confortável pode ser um desafio, devido às baixas temperaturas de madrugada. Muitas pessoas separam os pijamas mais quentes e os cobertores mais grossos para tornar o sono mais agradável, e ainda assim, às vezes não é o suficiente.

A termodinâmica, área da física que estuda variações de temperatura, causas e efeitos das trocas de calor e transformação de energia, explica que, quando está muito frio, pensamos que, quanto mais quente e cobertos ficarmos, dormiremos melhor. No entanto, devido às trocas de calor naturais do organismo, não é exatamente assim que acontece.

O corpo pode perder calor de várias maneiras: através da transpiração quando suamos, por condução ao ter contato com superfícies e substâncias de diferentes temperaturas, pela convecção, que é quando o ar quente tenta subir e, para isso, rouba o calor do corpo humano, e pela radiação infravermelha, quando o corpo troca calor com o ar de temperatura menor do que 20ºC.

Leandro Russovski Tessler, professor de Física da Unicamp, diz que o corpo humano normalmente está acima da temperatura ambiente. Por isso, faz com que ele perca calor todo o tempo. ‘’Essa perda de calor também é fundamental para garantir que o corpo se mantenha dentro de um intervalo bem restrito de temperaturas, algo exigido para a manutenção da nossa vida”, explica.

Pijamas e cobertores grossos funcionam como uma barreira, limitando a perda e a troca de calor. Por serem feitos de materiais como, por exemplo, lã e tecidos sintéticos que são maus condutores de temperatura e energia, atrapalham a perda de calor por condução. Ao manter o ar quente perto do corpo, com um material que impede a passagem de calor, o processo de convecção também é afetado. “A idéia é evitar os processos de evaporação, radiação, condução e convecção”, afirma Tessler.

A combinação de pijamas e cobertas mais quentes pode aquecer mais do que o desejado, fazendo o corpo transpirar. Entretanto, ao tirar o cobertor para amenizar o incômodo, sente-se o frio, devido à umidade causada pelo suor, gerando um ciclo vicioso. “Uma vez que não existe a troca de calor suficiente entre o corpo e o ambiente, ele começa a esquentar, podendo ficar acima da sua temperatura normal. Nesse caso, há a sensação de desconforto”, explica Adriano Alencar, professor de Física do Corpo Humano da USP.

Dormir com pijamas de tecidos leves ou roupas íntimas, como lingerie, que é menos quente, por baixo dos cobertores, podem ser opções mais agradáveis. Deste modo, o corpo vai se manter aquecido, sem limitar as trocas naturais e saudáveis de calor. Para quem optar por não usar pijama, a dica é deixar um roupão ou peças de roupas leves por perto, caso precise levantar para ir ao banheiro ou buscar água durante a noite, para evitar o desconforto e o choque térmico com o ar frio ao sair das cobertas.

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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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