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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Ah! Se arrependimento matasse…

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Talvez a história mais conhecida seja a da cantora Celine Dion. Quando James Cameron produziu e dirigiu Titanic, lançado em 1997, cantoras conhecidas recusaram estar na trilha sonora. Achavam a história simplória demais e achavam um absurdo não terem cachê – James Cameron oferecia porcentagem nos lucros do filme. Celine Dion aceitou e tornou-se milionária e conhecida no mundo inteiro. Até hoje recebe sua participação no filme, do estúdio e da gravadora.

Mas há inúmeros casos assim – atores recusam o papel pelos mais variados motivos e depois chocam-se com o sucesso dos que aceitaram. Tom Selleck, por exemplo, era uma promessa. Atuava na série Magnum, exibida na televisão (inclusive no Brasil). Quando lhe foi oferecido o papel de Indiana Jones, seu empresário recusou. Achou a história infantil demais: “Tom, esse negócio desse arqueólogo com chicote e chapeuzinho é ridículo. Esse papel não está à sua altura”, aconselhou o empresário. O papel foi dado a Harrison Ford. Quando Indiana Joneses e os Caçadores da Arca Perdida estreou, Tom Selleck mandou uma carta ao seu empresário, nessa altura já demitido: “Você me disse que Indiana Jones era uma merda. Eu me pergunto agora quem é que é uma merda realmente. E acredito que é você. Você é uma merda tão grande que eu não sei como consegue passar pela porta do seu escritório asqueroso. Se estivesse neste momento na sua frente, eu o estrangularia com as minhas próprias mãos. Atenciosamente, Tom Selleck”.

Molly Ringwald era a queridinha dos adolescentes. Tornou-se adulta e recusou dois papéis que lhe foram oferecidos – Uma linda mulher e Ghost. Considerou o primeiro um filme degradante. Deram o papel a Julia Roberts. O roteiro foi modificado, ficou mais suave, e o filme é um dos mais vistos em todo o mundo. Al Pacino também deu suas mancadas. Leu o roteiro de George Lucas, que pretendia filmar Star Wars.

Dizia não entender aquela religião Jedi, questionava as espadas a laser e uma ficção científica que beirava o ridículo. Perdeu o bonde. Não só dessa vez – Al Pacino já havia sido convidado para estar em Uma linda mulher, e não quis saber. Deu mole para Richard Gere. E também não quis filmar Duro de Matar, que acabou rodado com Bruce Willis.

O romance O Silêncio dos Inocentes já havia feito muito sucesso, mas atores mais conhecidos não queriam se meter numa história que tinha canibalismo esfolamento e sedução. Michelle Pfeiffer achou o filme deprimente. Jodie Foster aceitou o papel e indicou o desconhecido Anthony Hopkins para interpretar Hanibal Lecter. O filme conseguiu cinco Oscars. Michelle Pfeiffer até hoje não ganhou nenhum.

Arrependimento mesmo deve ter Harrison Ford, desde que recusou o papel de Oskar Schindler, em A Lista de Schindler, dirigido por seu amigo Steven Spielberg. Mesmo com a recusa, Spielberg insistiu, mas Ford manteve sua recusa, alegando que sua fama internacional, por causa de Indiana Jones, não cabia numa história tão macabara. O papel foi dado a Liam Neeson, que se saiu bem. Quanto ao filme, 7 Oscars.

Leonardo Di Caprio também teve seu dia de mancada, mas aprendeu a lição. Convidado para interpretar o serial killer Patrick Bateman em Psicopata Americano, Di Caprio achou que o personagem não condizia com sua imagem construída a partir de Titanic. Deram o papel a Christian Bale. Di Caprio mudou de idéia e fez outros filmes nada bonzinhos, como As gangues das rua de Nova Iorque e O lobo de Wall Street.

O ex-rapper Will Smith reconhece que o maior erro da sua carreira foi recusar a proposta das irmãs Wachowski para ser Neo em Matrix. Mas diz que não entendeu nada quando lhe contaram o conceito do filme. Eram os anos 90, e a promessa de “vamos suspender o tempo e o espaço movendo a câmara a 200 km/h” não era fácil de vender; então Smith optou pelo bem mais acessível Inimigo do Estado. Quem acreditou na visão das diretoras foi Keanu Reeves, cuja permanente expressão de “estou boiando” acabou caindo perfeitamente ao hacker/messias Neo.

E até Sean Connery, o esperto agente 007, deu sua mancada. Foi convidado a estrelar O Senhor dos Anéis, mas o cachê era pequeno. Aliás, o orçamento do filme era pequeno também. Boa seria a participação nos lucros de bilheteria – 15%. Sean Connery achou a oferta ridícula, e mais ridícula ainda, a idéia de ficar um ano na Nova Zelândia para rodar o filme. Escolheram outro ator, Ian McKellen, que no fim das contas ficou mais barato (porcentagem menor) e nem reclamou de ficar um ano na Nova Zelândia. Todo mundo saiu ganhando. Menos Sean Connery.

Como a vida é feita de escolhas, o trabalho segue essa linha. E saber escolher, em Hollywood, pode ser a diferença entre ganhar uns trocados ou ficar milionário da noite para o dia. Para terminar: Arnold Schwarzenegger só se tornou O Exterminador do Futuro porque o ex-jogador O.J. Simpson recusou o papel. E Al Pacino só se tornou Michael Corleone, em O Poderoso Chefão, por insistência do diretor Francis Ford Coppolla – Al Pacino não queria saber de gângsters.

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