A mulher e o sogro de um dos funcionários infectados por Covid-19 no frigorífico Flamboiã em Cabreúva, que tem mais de 50 casos confirmados da doença, não resistiram e morreram no mesmo dia, segundo a família.
A filha Micheli Silva, contou que a mãe e o avô morreram na segunda-feira (15). Para ela, a empresa tinha que ter afastado o pai, Valmir Silva, após constatação de Covid-19.
“É uma revolta, porque eles podiam, pelo menos, ter parado um pouco, priorizado os funcionários, feito os testes e afastado quem estava contaminado. Não priorizam a vida dos funcionários”, disse.
Segundo Micheli, Vanuir trabalha há cerca de 40 anos na empresa. Foi lá que ele conheceu a esposa Regina, que acabou contraindo a doença.
Além deles, Micheli e o pai de Regina, Argemiro, de 86 anos, também se infectaram. O idoso não resistiu à doença e a Prefeitura de Cabreúva confirmou sua morte na sexta-feira (19).
“É difícil. É sofrido ver uma pessoa que você ama sentindo dor, com febre, e você não poder nem chegar perto para socorrer”, conta.
Na terça-feira (16) foi expedida uma liminar que determinava o fechamento do local por 14 dias, após denúncias feitas ao Ministério Público.
Nas vistorias foram constatadas diversas irregularidades dentro da empresa, como locais sem ventilação, aglomeração de funcionários, funcionários sem máscaras e acúmulo de pessoas nos banheiros.
Além disso, de acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde de Cabreúva, a cidade registra 190 casos confirmados de Covid-19, sendo 57 colaboradores do frigorífico.
“Ele [pai] não ia para outro lugar. Ele ia para a empresa e voltava para casa. Banco, mercado, era tudo eu que fazia e, quando chegava em casa, tomava banho e desinfetava tudo. Então, não tem como ele ter pego em outro lugar”, reforça Micheli.