Desde que a pandemia do coronavírus se instalou no Brasil, o noticiário de praticamente toda a Imprensa tem tom funesto. Dá-se destaque para número de mortes, para leitos de hospital, para acidentes em medicação ou tratamento, falta de respiradores… Nada animador.
Mas em meio à desgraça (notícia boa não vende jornal, diriam os mais velhos), sempre há ilhas que destoam desse maremoto. Em jornais locais e regionais apareceram sim, notícias mais otimistas, menos alarmantes, e que de certa forma transmitem alguma esperança.
A Urbem pediu ao Novo Dia, Jornal da Região e Tribuna de Jundiaí alguns exemplos desse tipo de notícia, que publicamos a seguir
Todos esperam a chegada da vacina ‘milagrosa’
Jornal da Região | jr.jor.br
A chegada do Coronavírus mudou a vida de todo mundo, no mundo todo. Aqui em Jundiaí não foi diferente. Diariamente publicamos várias matérias sobre o dia a dia da população: os atendimentos nos hospitais, a busca por informações de como se proteger. Mas a notícia que mais repercutiu foi justamente o anúncio por um laboratório farmacêutico dos Estados Unidos de que vai começar a produzir a vacina milagrosa para salvar vidas.
A empresa de biotecnologia e da área farmacêutica Moderna anunciou no dia 18 de maio, que testes preliminares de uma possível vacina para o novo Coronavírus tiveram resultados positivos.
De acordo com a empresa americana, a primeira vacina contra o novo Coronavírus testada em pessoas parece ser segura e capaz de estimular uma resposta imunológica contra o vírus. Os resultados são baseados na reação das oito primeiras pessoas que receberam, cada uma, duas doses da vacina, a partir de março.
O vírus não só mexeu com a saúde das pessoas, como também com o comportamento. No Dia das Mães uma leitora enviou mensagem implorando para não publicar notícias do Coronavírus, porque a família inteira estava abalada.
Como disse o antigo ministro Luiz Henrique Mandetta, tem horas que é preferível ver notícias boas. E essa do anúncio de uma vacina em desenvolvimento foi a que mais repercutiu. A população quer esperança de tudo voltar ao normal.
Os aprendizados que vão para a bagagem
Novo Dia Notícias | novodia.digital
Muito provavelmente você deve estar se perguntando como tirar algo bom de um momento difícil que a humanidade enfrenta com a pandemia de Covid-19, em que centenas de milhares de pessoas morreram e estão morrendo. Então dizemos a você, nosso caro leitor: não deixe de enxergar as coisas pequenas e que podem passar desapercebidas se não dedicar um tempo à elas.
Mas quais são essas pequenas coisas? Já que está raciocinando rápido neste momento, aqui estão três delas: pensar mais no próximo, conviver mais com a família, e reconhecer a importância dos profissionais que antes não eram sequer lembrados.
A primeira delas também pode ser definida como solidariedade, afinal duvido muito que você não repensou ou não se comoveu com alguma história que andou lendo em noticiários por aí. Mas a questão não é essa, estamos falando sobre gestos de carinho ao próximo, e não precisa ser uma pessoa conhecida. Se você se emocionou, é sinal que já tem na bagagem um novo aprendizado.
A segunda é conviver mais com a família. Tá, ok. Você já via eles todos os dias mesmo antes da pandemia. Mas desta vez é diferente, garantimos. Isso porque “preso” em casa, é possível observar mais o espaço do outro e consequentemente aprender a respeitá-lo. Com a rotina frenética – sem pandemia – isso não é possível. Então isso é bom, pois além de ter um segundo novo aprendizado na bagagem, você passou a conhecer melhor quem ama.
E a terceira, e talvez a mais importante, é o reconhecimento dos profissionais que antes da pandemia não reparávamos ou dedicávamos um tempo para aplaudi-los – e de pé. São eles médicos, enfermeiros, coletores de lixo, caminhoneiros, jornalistas, coveiros, carteiros, produtores rurais, entre muitos outros. Também são eles os únicos que não puderam parar para se cuidar e se proteger no conforto de seus lares.
Esses heróis não podem parar, como também não podem aderir ao home office – o novo modo de trabalhar de dentro de casa em pleno século XXI. Então se você, assim como nós, pôde reconhecer a importância desses profissionais, tem agora o terceiro e último aprendizado dentro da sua bagagem.
Se tem um conselho a ser dado nessa fase que estamos vivendo – sim porque tudo na vida é fase, nada é para sempre – é que precisamos ver o lado bom desse mar de coisas ruins que estão acontecendo. Reconheça que as pessoas que estão a sua volta são importantes e que a saudade que está sentido agora só transparece ainda mais isso. Além disso, se tem a oportunidade de abraçar novamente quem você adora quando isso tudo acabar, esta é uma outra notícia boa. Outras pessoas não terão a mesma chance. Lembre-se: tudo passa, e os bons aprendizados ficam!
Sobre a guerra e finais felizes
Tribuna de Jundiaí | tribunadejundiai.com.br
Cobrir um fato do tamanho da pandemia de coronavírus com certeza é tarefa inédita para todos os jornalistas, dos mais novatos aos mais experientes.
Mesmo que em isolamento social, portanto teoricamente distante dos fatos em si, as notícias, personagens e acontecimentos mexem muito com nossos sentimentos. Na maioria ruins: medo, comoção, tristeza e luto entre outros.
Mas, como em toda guerra, também há finais felizes.
Uma das histórias mais marcantes para a equipe do Tribuna de Jundiaí, até o momento, foi a descoberta, quase sem querer, de dois personagens tão distintos, mas que protagonizaram um enredo emocionante.
Médico e paciente. Ele com 28 anos. Ela com 83.
O jovem doutor, em uma postagem no Facebook, chamou a atenção pela sensibilidade ao celebrar vitória com a alta médica da enferma Therezinha Gemmi Chiquetto.
“Minha bela vó dos olhos azuis. Vencemos!”
Ali dava pra sentir que não eram personagens quaisquer.
Posteriormente entrevistado, o médico se demonstrou diferenciado em todos os momentos.
Longe da posição que muitos na sua profissão se colocam, de soberba, o jovem descendente de orientais não se escondeu em nenhum momento por trás da sua “autoridade” que o jaleco branco possa lhe conferir.
Pelo contrário. Não teve vergonha de demonstrar, além da serenidade, que também sente medo, mas que, acima de tudo, tem fé.
A confirmação de sua atuação brilhante e sensível veio por meio das centenas de comentários elogiosos de outros pacientes que já se trataram com ele, nas redes sociais, após a publicação da primeira reportagem.
“Fé e ciência podem andar juntos?”, pergunta o repórter ao jovem.
“Não só podem, como devem. A ciência estuda a composição da areia e a fé move montanhas. Ambas são importantes, mas devem coexistir, e não competir. Devemos ter fé na ciência e a ciência deve comprovar a importância da fé”, respondeu.
Mais a fundo, na conversa, a revelação sobre o tamanho apreço pela paciente vovó.
“Perdi meus avós quando ainda era criança. Desde então, jurei que me tornaria médico”.
A frase acima foi título, aliás, da segunda reportagem, após a matéria da alta de dona Therezinha, com uma entrevista completa com o médico.
A pandemia está longe de terminar. Histórias tristes, infelizmente, ainda serão escritas e cortarão nossos corações como uma faca, diariamente.
Mas, desfechos como do Doutor Eduardo e da dona Therezinha também serão contados. Porque a vida tem de ser celebrada. Sempre!