Artigo: Miguel Haddad
A solução não é nova, já foi praticada antes e tem sido, atualmente, a resposta de muitos países que enfrentam dilema semelhante ao nosso.
Para isso é preciso entender que vivemos, pode-se dizer, em uma ‘economia de guerra’, situação na qual todos os recursos têm de ser empregados para vencer o conflito, de tal maneira que, após esse período, a Nação possa retomar à normalidade no mais curto espaço de tempo possível.
No caso específico da guerra contra o coronavírus, é preciso, para vencê-lo com o menor número de baixas, manter o confinamento e divulgar intensamente o protocolo para sair de casa: uso de máscaras, distanciamento social obrigatório e permissão seletiva de funcionamento de serviços e outras atividades.
E, ao mesmo tempo, cabe ao Estado utilizar os mecanismos que têm à mão, como a emissão de moeda, o redirecionamento dos recursos dos bancos públicos, entre outras medidas, com o objetivo de evitar falências e desempregos. Esses recursos seriam destinados para bancar parte da folha salarial, evitando assim a demissão de trabalhadores, garantindo empréstimos com juros subsidiados e largos prazos de carência principalmente para micros e pequenos negócios, mantendo assim a subsistência dessas empresas no período em que estiverem impedidas de funcionar. E, ainda, na criação de bolsa para desempregados e famílias sem renda, que comece a funcionar prontamente, sem a excessiva burocracia que retarda a sua implementação.
Esse redirecionamento da economia tem sido defendido por economistas de peso, com larga folha de serviços prestados à Nação, como André Lara Resende, Armínio Fraga e Monica de Bolle.
Um dos grandes obstáculos para a viabilização dessas medidas tem sido a polarização política. Tendo em vista a enormidade do desafio que temos de enfrentar, deveríamos procurar, ao invés da divisão, o caminho do diálogo e da união em torno do interesse maior do povo brasileiro.
aso contrário, caso essas providências não sejam urgentemente tomadas, sofreremos por mais tempo e com o maior número de sequelas as agruras da pandemia. E quando finalmente isso passar, correremos o risco igualmente nocivo de viver em uma economia em frangalhos, incapaz de prover trabalho e sustento para a população.