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quinta-feira, 28 novembro, 2024

Não se apaixone por escritores

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Tempos atrás, a escritora Yamí Couto, a qual me tornei amigo, divulgou um texto na internet intitulado “Não se apaixone por caras que escrevem”. No texto ela diz se apaixonar por caras que escrevem é como apaixonar-se pelo psicanalista, pois são observadores a um ponto de tirar assunto de onde menos se espera. Pode ser do gato que estava na janela, pode ser de uma frase que tenha dito, não importa onde esteja, discretamente, corre para anotar no caderninho.

Palavras da autora: “Não se apaixone por caras que escrevem, pois eles vão conhecer você, talvez mais do que você mesma. Eles vão te observar, saber cada centímetro do seu corpo e provavelmente sobre a sua celulite também. E não se engane: eles vão usar isso como licença poética. Não se apaixone por caras que escrevem, pois eles vão te descrever em milhares de textos, mas é pouco provável que te citem o nome”.

Um texto divertidíssimo — pra quem não escreve. Eu já estive em situações de sair com algumas amigas e pedir para que não mencionasse meu currículo literário – não é uma biografia longa, apenas um livro e colaboração para alguns blogs e jornais –, no entanto, numa dessas andanças da vida, uma criatura perguntou o que eu fazia nas horas vagas. Respondi que escrevia e a amiga ao lado respondeu: “Tem livro e tudo!”. A criatura sumiu, desapareceu. Dizem por aí que pessoas que escrevem são muito inteligentes. É provável, alguns mais, outros menos. Mas isso é motivo para o desespero? Pessoas inteligentes também têm seu lado selvagem, demoníaco, voraz. O lado humano. Lembra-se do pecado? Então, escritores adoram atravessar a porta proibida.

Mas minha amiga escritora tem razão: apaixonar-se por quem escreve é se apaixonar por uma sucessão de resiliência. Quem escreve tem uma visão de mundo abstrata. Quem escreve não tem compromisso em estar sociável o tempo todo. Quem escreve é um romântico imprevisível e pouco convencional. Quem escreve compreende o incompreensível, para ele, a vida real também pode ser ficção.

E por mais que seja sensível, educado, paciente, assertivo; acredite, escritores têm seus mistérios e dificilmente tem vontade de revelar seus segredos. Independentemente do tipo de escritor que tenha-se apaixonado, seja ele de ficção científica, romancista, poeta, cronista, às vezes ele vai preferir ficar sozinho com seus pensamentos. E é provável que até mesmo no altar da igreja duvide que esteja fazendo a coisa certa. Será? Devo dizer sim? Corro? O que eu faço?

Não se apaixone por escritores caso não queira dividir a cama com os livros. Não se apaixone por escritores se for muito concreto. Escritores são amantes da dúvida. Enfim, não se apaixone por escritores senão tiver a fim de uma aventura.

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