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quarta-feira, 27 novembro, 2024

As giras de Pretos Velhos

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Os vovôs e vovós, símbolos de nossa Umbanda

Toda a magia Africana, os cultos de nação dos Candomblés que trouxeram a devoção aos Orixás para o território brasileiro, teve como veículo os negros escravos de tempos antigos, nossos ancestrais que não mais estão entre nós como encarnados, mas encontraram na Umbanda um caminho para continuarem suas missões como entidades, que muita sabedoria nos tem a oferecer.

“Adorei as almas!!!”

Assim, com estas palavras, os Umbandistas recebem os Pretos Velhos, “Vovôs” e “Vovós”, como carinhosamente são chamadas estas entidades africanas responsáveis por agregar algumas das práticas dos cultos de nação à nossa heterogênea religião de Umbanda. Com certeza, todo o carisma da Umbanda devemos a estas entidades, verdadeiros símbolos de nossa religião, bem como uma das giras mais populares.
Os pretos velhos cativam pela humildade, pela paciência e pelo amor de um avô para com os filhos de Umbanda, que encontram nestes espíritos evoluídos o bálsamo necessário para continuarem em sua luta – a luta contra o preconceito, um preconceito que eles conheceram muito bem, e que existe até hoje, infelizmente.
Leia também: As Giras de Umbanda
Para se aproveitar dos ensinamentos de um Preto Velho, basta sentar-se diante dele, sem necessidade de nada nas mãos, mas com o coração aberto e com a consciência de que na sua frente se encontra um mestre entre dois mundos. Sábio pela vivência e pela vida pós-terra. Mas, se ainda assim quiser agradá-lo, um copo de garapa ou café preto são suas bebidas preferidas, às vezes acompanhadas de um marafo (aguardente), que outrora foi seu único consolo nas infinitas noites em que tentavam dormir ouvindo os gritos de seus familiares que enfrentavam os troncos e chicotes incansáveis. Para comer, um bolo de fubá, um torresmo ou uma feijoada, se acaso for dia de festa.
Mas garanto: Trocam tudo isso por um “Muito obrigado, meu Pai”. Estes espíritos se manifestam como pessoas idosas. Vem encurvados, mal conseguem andar. Trabalham sentadas em troncos e apoiam-se em suas bengalas feitas de galhos de árvores ou plantas que se utilizam das folhas. Arruda, guiné, manjericão, folhas para suas mirongas poderosíssimas.
Um cachimbo, um chapéu de palha, uma roupa branca, um terço de rosário, dois pés no chão, 1.000 anos de experiência. 1.000 outras almas salvas por eles.

por Pai Alexandre Falasco

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