Nesta quarta-feira (15), a Airbus Helicopters revelou uma aeronave híbrida, combinando características de avião e helicóptero, em meio à crescente competição pela definição do futuro veículo com rotor.
Racer, a aeronave experimental da Airbus, avaliada em 200 milhões de euros (R$ 1,116 bilhão), é um modelo de demonstração único que combina rotores aéreos tradicionais com dois propulsores voltados para a frente. Isso busca unir estabilidade e velocidade, reduzindo os tempos de resposta em missões críticas, como busca e resgate.
“Em certas missões, o acesso o mais rápido possível é vital. Falamos frequentemente sobre a ‘hora de ouro'”, afirmou o presidente-executivo da Airbus Helicopters, Bruno Even, à Reuters, referindo-se à janela de tempo considerada mais crítica para a prestação de atendimento médico.
Esses projetos também têm potencial para serem aplicados em desenvolvimentos militares, especialmente considerando o grande estudo que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está realizando sobre a próxima geração de helicópteros. No entanto, muito dependerá de como os planejadores definem as necessidades futuras.
O Racer, que realizou seu primeiro voo em abril longe das câmeras, surpreendeu uma plateia de 150 executivos do setor, políticos e representantes da União Europeia. O evento ocorreu na base da Airbus Helicopters em Marignane, no sul da França, onde o Racer vem sendo desenvolvido gradualmente ao longo dos últimos sete anos.
A Airbus, líder mundial no fornecimento de aeronaves civis, tem explorado novos projetos de helicópteros há anos, ao lado de concorrentes como a Sikorsky, da Lockheed, que estabeleceu um recorde de velocidade com o modelo X2 há mais de uma década.
O Racer representa um novo avanço em relação ao demonstrador X3, baseado no Dauphin, que a Airbus revelou em 2010 e que superou o Sikorsky X2, estabelecendo um recorde não oficial de velocidade.
Ambos os projetos têm como objetivo superar os desafios do voo de helicópteros em alta velocidade, combinando as vantagens das aeronaves de asa fixa com as de um helicóptero convencional.
No entanto, não há consenso sobre como será o helicóptero do futuro.
A estreia pública do Racer ocorreu após a italiana Leonardo e a fabricante norte-americana Bell concordarem em colaborar na próxima geração de tecnologia de rotor inclinado, conhecida como “tilt-rotor”, que substitui totalmente as pás tradicionais dos helicópteros.
A Leonardo também está liderando um projeto separado para desenvolver a próxima geração de tilt-rotores, aeronaves capazes de realizar pousos e decolagens verticais, para uso civil. O AW609 é o único projeto civil existente, mas ainda não foi certificado.
Os defensores dos tilt-rotores argumentam que essa tecnologia oferece maior velocidade e alcance, adequados para missões militares.
Por outro lado, os críticos afirmam que o mecanismo de inclinação dos rotores aumenta a complexidade e os custos de manutenção.
A Airbus afirmou que o Racer voa a 220 nós (400 quilômetros por hora), em comparação com as velocidades tradicionais de helicópteros, que geralmente ficam próximas a 140 nós.
Enquanto isso, a Bell afirma que seu tilt-rotor V-280 Valor, recentemente selecionado pelo Pentágono, atingirá uma velocidade de cruzeiro de 280 nós.