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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Até 2050, casos de câncer devem aumentar 77%

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A cada ano, milhões de pessoas em todo o mundo recebem o diagnóstico de câncer, e muitas perdem a vida para essa doença. Segundo um relatório recente da Sociedade Americana do Câncer, esse cenário pode se agravar até 2050, com um aumento previsto de 77% no número de casos de câncer.

O relatório, publicado na quinta-feira (4) no periódico CA: A Cancer Journal for Clinicians, revelou que em 2022 – o ano mais recente com dados disponíveis – foram diagnosticados cerca de 20 milhões de casos de câncer, resultando em 9,7 milhões de mortes pela doença.

Essas estimativas indicam que aproximadamente 1 em cada 5 pessoas vivas atualmente desenvolverão câncer durante suas vidas, com taxas de mortalidade de cerca de 1 em cada 9 homens e 1 em cada 12 mulheres devido ao câncer.

“Prevemos que o número de casos chegará a 35 milhões até 2050, em grande parte devido ao aumento da população idosa”, afirmou William Dahut, diretor científico da Sociedade Americana do Câncer.

O relatório destaca que o crescimento populacional e o envelhecimento são fatores cruciais para o aumento do fardo global do câncer, com a população mundial de aproximadamente 8 bilhões de pessoas em 2022 projetada para atingir 9,7 bilhões até 2050.

No entanto, o diretor científico da Sociedade Americana do Câncer, William Dahut, alertou que se mais pessoas usarem tabaco, apresentarem obesidade e outros fatores de risco para o câncer, o número projetado de casos da doença poderá ser ainda maior, especialmente em países de baixa renda.

“Diversos fatores de risco para o câncer, antes associados principalmente a países de alta renda, como tabaco e obesidade, agora estão se tornando mais comuns em países de baixa renda”, explicou Dahut, enfatizando sua preocupação.

“Esses países muitas vezes não possuem os recursos necessários para detecção precoce, tratamento adequado e prevenção do câncer, como é feito em outras regiões. Estamos preocupados que isso resulte em taxas de incidência e mortalidade mais altas, especialmente em países de baixa renda, onde o câncer está sendo impulsionado não apenas por fatores tradicionais, mas também por fatores como tabagismo e obesidade.”

O mais comum de todos

O novo estudo incorpora dados globais sobre a incidência e mortalidade por câncer do Observatório Global do Câncer, um banco de dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os dados revelam que o câncer de pulmão foi o mais diagnosticado em todo o mundo em 2022, com quase 2,5 milhões de novos casos e mais de 1,8 milhão de mortes.

Globalmente, os 10 tipos de câncer mais comuns, tanto em homens quanto em mulheres, representaram mais de 60% dos casos recém-diagnosticados e das mortes por câncer, de acordo com o relatório.

Os tipos de câncer mais comuns incluem pulmão, mama em mulheres, colorretal, próstata, estômago, fígado, tireoide, cervical, bexiga e linfoma não-Hodgkin. O câncer de pulmão também foi a principal causa de morte por câncer, seguido por colorretal, fígado, mama em mulheres, estômago, pâncreas, esôfago, próstata, cervical e leucemia.

O câncer cervical foi a principal causa de morte por câncer em 37 países, principalmente na África subsaariana, América do Sul e sudeste da Ásia, de acordo com o relatório. A vacinação contra o HPV (papilomavírus humano) pode reduzir o risco de câncer cervical, mas globalmente, apenas cerca de 15% das meninas elegíveis receberam a vacina, conforme a Sociedade Americana do Câncer. Também existem disparidades na triagem para câncer cervical.

Ahmedin Jemal, vice-presidente sênior de vigilância e ciência da equidade em saúde na Sociedade Americana do Câncer e autor sênior do estudo, afirmou em um comunicado de imprensa: “Com mais da metade das mortes por câncer no mundo sendo potencialmente evitáveis, a prevenção oferece a estratégia mais econômica e sustentável para o controle do câncer. A eliminação do uso de tabaco sozinha poderia prevenir 1 em cada 4 mortes por câncer, ou aproximadamente 2,6 milhões de mortes por câncer anualmente.”

Embora as causas do câncer possam ser complexas, envolvendo fatores genéticos e ambientais, “cerca de 50% dos cânceres são evitáveis”, afirma Bilal Siddiqui, oncologista e professor assistente no Centro de Câncer MD Anderson da Universidade do Texas, que não esteve envolvido no novo relatório. Ele enfatiza a importância de todos os pacientes conversarem com seus médicos para garantir que recebam triagens de câncer adequadas para sua idade e de fazerem mudanças de estilo de vida essenciais, como parar de fumar, reduzir o consumo de álcool e manter-se fisicamente ativo.

Câncer de próstata

A preocupação com o câncer de próstata também está aumentando. Um relatório separado, publicado na quinta-feira (4) no jornal The Lancet, projeta que o número de novos casos de câncer de próstata anualmente aumentará de cerca de 1,4 milhão em 2020 para 2,9 milhões até 2040.

O câncer de próstata é um dos cânceres mais diagnosticados, representando cerca de 15% dos novos casos de câncer nos Estados Unidos. Globalmente, o câncer de próstata é o câncer mais comum em homens em 112 países, segundo o novo relatório da Comissão do The Lancet sobre câncer de próstata.

“Em termos do fardo global de saúde do câncer de próstata, acho que os números são um tanto surpreendentes, mas esperados ao mesmo tempo. Globalmente, a população está envelhecendo, e o câncer de próstata é principalmente uma doença do envelhecimento”, disse Brandon Mahal, oncologista radioterapeuta e epidemiologista translacional no Centro Abrangente de Câncer Sylvester da Faculdade de Medicina Miller da Universidade de Miami, autor do novo relatório.

“À medida que continuamos a aumentar a expectativa de vida, especialmente em países de baixa e média renda, pode-se esperar que doenças relacionadas ao envelhecimento – especificamente, como um câncer comum como o câncer de próstata – se tornem um fardo maior”, completou Mahal.

Ele acrescentou que o câncer de próstata continua afetando desproporcionalmente a comunidade negra, “embora haja algum aumento global em todos os países”.

O novo relatório faz recomendações para abordar as “quatro áreas de maior prioridade” relacionadas ao câncer de próstata. Recomenda modificar formas de detectar o câncer de próstata precocemente, evitando o superdiagnóstico e o sobretratamento de doenças triviais; melhorar métodos para capacitar os pacientes com informações de saúde e potencialmente facilitar o uso de inteligência artificial; implementar diretrizes direcionadas para terapias, especialmente cirurgia e radioterapia; e investir em pesquisa.

O relatório da comissão destaca a “necessidade crítica de estratégias para diagnóstico precoce e tratamento eficaz desta doença”, disse Siddiqui por e-mail.

“A Comissão fez quatro recomendações para ajudar a melhorar o diagnóstico e o manejo e reduzir a morte por câncer de próstata”, afirmou. “Estas são soluções inteligentes que nossos governos e agências de financiamento da saúde devem apoiar e poderiam ajudar a reduzir as vidas perdidas devido ao câncer de próstata”.

Uma onde chamada câncer

O tabaco continua sendo a principal causa de câncer de pulmão, e o controle eficaz do tabagismo por meio de políticas e regulamentos pode prevenir largamente essa doença. Reduzir o peso corporal em excesso, limitar o consumo de álcool, não fumar e aumentar a atividade física também podem ajudar a diminuir o risco de câncer.

“Embora vejamos casos de câncer de pulmão não relacionados ao tabagismo, a principal causa ainda é o tabagismo. Há muito trabalho a ser feito nos EUA e em todo o mundo para lidar com a epidemia do tabagismo”, comenta Harold Burstein, oncologista do Instituto de Câncer Dana-Farber e professor da Escola de Medicina de Harvard, que não esteve envolvido no novo relatório da Sociedade Americana do Câncer.

“Além do tabagismo, a poluição e outras exposições ambientais ao ar podem aumentar o risco de câncer de pulmão em muitas partes do mundo. Portanto, é importante pensar em esforços para melhorar a qualidade do ar ou reduzir a exposição à poluição do ar”, diz Burstein.

“Outras medidas que podem reduzir a mortalidade por câncer incluem a triagem para detecção precoce. Nos EUA, temos oportunidades vigorosas para triagem com mamografia, colonoscopia e exames de Papanicolau, mas muitas partes da sociedade ainda não as utilizam adequadamente”, afirma. “Nas economias mais avançadas, como os EUA, observamos declínios significativos nas taxas de mortalidade por câncer de mama e câncer de cólon, em parte devido à detecção precoce”.

O novo relatório destaca como muitos países de baixa renda têm altas taxas de mortalidade por câncer, apesar da baixa incidência da doença, principalmente devido à falta de acesso a ferramentas de triagem e tratamento avançado.

“O relatório não apenas destaca essas tendências globais do câncer, mas também como o câncer está se tornando um ‘problema de saúde maior’ em regiões de baixa e média renda do mundo”, diz Burstein. “O câncer está se tornando uma onda de maré chegando às suas comunidades”.

“Em muitas partes do mundo, não há mamografias de rastreamento na África subsaariana ou na China. Não há colonoscopias de rotina em muitas partes do mundo”, acrescenta. “O relatório prevê que a prevalência do câncer dobrará em países de baixa e média renda nos próximos 25 anos. Portanto, lidar com o aumento da prevalência, a necessidade de detecção precoce e tratamento complexo será um desafio enorme para sistemas de saúde já sobrecarregados”.

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