O Ministério Público investiga o aumento abusivo no número de multas na rodovia João Cereser, em Jundiaí (SP). De acordo com os registros, de janeiro a julho deste ano, foram 35.777 autuações, 460% a mais que no mesmo período do ano passado. Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), em 2015, foram aplicadas 6.382 multas.
Os cinco quilômetros de pista com quatro limites diferentes de velocidade geram dúvidas – e multas – aos motoristas. Acostumado a passar pelo trecho, o supervisor de vendas Tiago Luiz Cerezer trabalha em Itatiba (SP) e foi notificado, em seis meses, três vezes por excesso de velocidade.
Investigação
O número chamou a atenção do Ministério Público. De acordo com o promotor de Justiça Claudemir Battalini, a investigação tenta identificar o motivo da variação da velocidade e pediu explicações à concessionária que cuida da rodovia e para dois órgãos do Governo do Estado. “Fiscalizamos para saber se não está havendo uma indústria de multas. Se o objetivo for criar um ponto de vulnerabilidade, vamos atuar para coibir isso.”
Ainda segundo o promotor, ele exige que a velocidade seja compatível com outras rodovias da região e cobra providências dos orgãos. “Se a velocidade tiver de ser mantida, que haja sinalização muito melhor do que a que existe hoje. E podemos pedir a anulação dessas multas”.
No começo da rodovia, logo após a Anhanguera, o limite é de 60 km/h e permanece na maior parte do trajeto. Porém, perto do parque da cidade, sobe para 100 km/h. Em seguida, em frente ao parque, caminho para quem vai para Itatiba e Jarinu (SP), a velocidade cai para 80 km/h.
No sentido contrario, a situação é parecida. A primeira placa indica que o motorista pode atingir até 80 km/h. Ainda no parque da cidade, o limite sobe para 100km/h. Mais à frente, a velocidade cai para 80 km/h e 200 metros a placa mostra 60 km/h. Entretanto, perto da Anhanguera volta a ser 40 km/h.
Durante o registro, em apenas duas horas, a Policia Rodoviária aplicou 874 multas em fiscalização somente no trecho de 60km/h. “Sejamos práticos e objetivos. Não vai mudar nada em termos de ganho de tempo e evita essa confusão na cabeça do motorista. Faz 60 km no trecho inteiro. O problema estará resolvido”, explica o engenheiro especialista em trânsito Lúcio Gregori.
Respostas
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informou que as velocidades e as placas são definidas pela concessionária e pela Artesp. A concessionária Rota das Bandeiras disse que a sinalização está de acordo com o que estabelece o Manual Brasileiro de Sinalização do Trânsito, do Contran, o Conselho Nacional de Trânsito.
Com relação à variação de velocidade, a Artesp, Agência do Transporte do Estado de São Paulo e a concessionária informaram que estão concluindo novos estudos pra unificar os limites no trecho do quilômetro 61 em Jundiaí, ao quilômetro 81 em Itatiba. A Artesp informou ainda que já enviou informações ao Ministério Público.
via: G1