A ação judicial do Ministério Público de São Paulo que tornou réu um promotor da própria instituição também acusou um ex-diretor das Casas Bahia de pagar propina para beneficiar a rede varejista –evitando punições por dano ao consumidor.
O pagamento de mais de R$ 1 milhão ocorreu, de acordo com a denúncia, por meio de um esquema que contou com a participação de um advogado que, além de convencer o promotor a aceitar o suborno, teria emprestado a própria conta bancária para dissimular a prática criminosa.
Esse advogado, Vladimir Oliveira da Silveira, participou da negociação em razão de sua amizade com o promotor Roberto Senise Lisboa, hoje réu na Justiça de São Paulo. O advogado era também professor de um curso de mestrado, no qual tinha como aluno o então diretor jurídico das Casas Bahia, Alexandre Machado Guarita.
Dessa ligação entre eles teria surgido o esquema que, segundo a ação, utilizou dinheiro da rede varejista. Como a Folha de São Paulo noticiou na quarta passada (14), Senise Lisboa tornou-se réu em ação penal sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.
O advogado e o ex-diretor das Casas Bahia também se tornaram réus no mesmo caso – a ação criminal tramita no Tribunal de Justiça e não envolve empresas, apenas pessoas. Todos negam irregularidade.
Segundo a ação judicial, o interesse da rede de lojas era barrar investidas da Promotoria nas investigações sobre reclamações de clientes da empresa. Entre as práticas denunciadas estariam a imposição para a compra de seguro e garantia estendida de produtos, bem como adoção de fórmulas fraudulentas de financiamento e cálculos de juros.