Rivalidades internas pelo controle do PSDB na capital paulista resultaram em uma sede partidária vazia nesta semana, de forma literal. O ex-presidente do diretório de São Paulo, Fernando Alfredo, decidiu levar consigo computadores, cadeiras, mesas e todo o restante do mobiliário, juntamente com documentos, após ser destituído do cargo. Quando o sucessor, Orlando Faria, chegou para assumir, deparou-se com um espaço completamente desprovido de qualquer item.
Em declaração a reportagem, Alfredo confirmou que “fez uma limpeza” antes de sair. “Nós avisamos assim: podem vir para a sede do partido, mas levem apenas o que o partido possui: nada”.
Em setembro, o PSDB estadual suspendeu a convenção municipal que havia reeleito Fernando Alfredo para liderar o diretório no mês anterior. A suspensão ocorreu após denúncias de dois filiados, alegando que o candidato havia suspendido membros contrários a ele e promovido uma filiação em massa para assegurar a renovação do mandato. Uma comissão provisória nomeou Orlando Faria como líder da sigla pelos próximos 180 dias.
A menos de um ano das eleições municipais, o PSDB enfrenta divisões quanto ao rumo a ser tomado. A ala de Alfredo defende o apoio à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), enquanto a nova gestão fala em uma candidatura própria, embora tenha se reunido recentemente com a deputada federal Tabata Amaral (PSB), que mantém diálogo com os tucanos.
Apesar da decisão que impediu sua reeleição, Fernando Alfredo continuou atuando na sede do PSDB paulistano, localizada na Vila Buarque. Em resposta, Orlando acionou o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) buscando a reintegração de posse do local. Na semana passada, a juíza Ana Laura Corrêa Rodrigues determinou a troca.
Ao receber a intimação na última sexta-feira, 1º, Fernando optou por levar consigo os móveis, computadores e documentos da sede municipal. Em entrevista ao Estadão, o ex-presidente do PSDB paulistano afirmou que esses itens não são propriedade do partido, sendo doados por apoiadores ou adquiridos por ele próprio.
Segundo Alfredo, algumas mesas foram deixadas por não serem passíveis de reutilização. Computadores e documentos estão em posse de Alfredo, enquanto cadeiras e outros móveis foram, segundo ele, devolvidos “a quem deu para o partido”.
Orlando declarou que a nova direção do diretório notou o esvaziamento da sede na Vila Buarque na segunda-feira, 4. Ele pretende solicitar informações a Fernando sobre o paradeiro dos itens retirados da sala.
O presidente interino também informou que Fernando levou memórias dos ex-prefeitos Bruno Covas e Mário Covas, incluindo bustos e livros, algo confirmado pelo ex-presidente. Orlando ressaltou a necessidade de transparência, considerando que o patrimônio do partido é financiado pelo dinheiro público e deve permanecer sob responsabilidade coletiva.
Fernando defende que sua saída da direção municipal foi arbitrária e unilateral, não reconhecendo a convenção que colocou Orlando na presidência. Ele alega que a sede está aberta, mas o andar está vazio porque o PSDB paulistano “não possui patrimônio”.