Neste sábado (25) e domingo (26), o Sesc Jundiaí recebe a edição 2022/2023 do projeto Sonora Brasil. O evento traz como tema “Culturas Bantu: afrossonoridades tradicionais e contemporâneas” e destaca a contribuição dos povos de línguas bantu para a música brasileira.
Com essa temática, o projeto, que tem a música como elemento central, busca promover o debate também com estímulos a leituras mais abrangentes que possam ampliar e aprofundar a discussão da influência das culturas de matriz africana no país.
25 anos de circulação
Criado em 1998, o projeto apresenta programações musicais e faz parte da proposta de desenvolvimento das artes, com enfoque na valorização das territorialidades, na preservação e na difusão do patrimônio cultural brasileiro, por meio da expressão de seus autores e intérpretes.
A abordagem é proporcionar novas formas de fruição de expressões sonoras e musicais, o que aproxima os públicos das pluralidades que constituem identidades e diferenças étnico-culturais no Brasil.
Sobre as culturas bantu
O termo abrasileirado “banto” diz respeito à unidade linguístico-cultural de grande quantidade de povos da África negra e engloba cerca de 400 subgrupos étnicos. Durante o tráfico transatlântico, constituiu-se um processo de muito sofrimento e luta por liberdade, com uma reconfiguração forçada de identidades da diáspora africana.
Estima-se que dos mais de quatro milhões de indivíduos trazidos à força da África para o Brasil, 75% deles eram provenientes de povos bantu, sobretudo vindos de territórios da África Central. Como resultado, a presença das culturas bantu encontra-se profundamente enraizada na vida e no cotidiano do brasileiro.
As primeiras manifestações musicais reconhecidas como origem da música popular brasileira eram chamadas de “batuque” ou “samba”, palavras de comprovada origem africana. E ocorriam principalmente no ambiente rural, nos momentos de lazer e festejos dos trabalhadores escravizados.
Programação:
-Sábado (25), às 19h
Marissol Mwaba convida Myrian Mwewa e François Muleka (SC)
Mwewa, François e Marissol unem-se em uma apresentação inédita, na qual cantam e contam, em linha do tempo, canções que marcaram os cruzamentos de suas histórias enquanto família congolesa no Brasil. O repertório intercalado por falas convida o olhar à perspectiva de Congo-Brasilidade, à pluralidade de existências negras no Brasil hoje.
Mwewa, nascida na República Democrática do Congo, com seu amor pela música foi fonte de muitas referências para François e Marissol, que são hoje artistas com carreiras consistentes atravessadas por todas essas influências assim como pelas músicas do contexto Brasil, país de nascimento dos dois.
-Domingo (26), às 18h
Malungo |X|
Com Aiace, Sued Nunes, Ênio, Gabi Guedes, Dedê Fatuma, Fabrício Mota, Marcos Santos, Mateus Aleluia Filho, Gleison Coelho e Dandê Bahia
O show ‘Malungo |X| – música, tempo e afeto’ nasceu de uma cuidadosa e profunda pesquisa sobre a sonoridade bantu e proporciona uma viagem musical entre a cultura afro-bantu ancestral e afrofuturista. Isso acontece tanto pelo repertório apresentado – as referências do universo percussivo baiano criado por Letieres Leite, os ritmos afrodiaspóricos como o afrobeat e o samba até a sonoridade afropop baiana – quanto pelo encontro de artistas de diversas gerações da música baiana.
-Domingo (26), às 16h
Bate-papo
Linguagem Híbrida Afro-contemporânea da Música: do toque do tambor ancestral a utilização da tecnologia como ferramenta para construção de narrativas artísticas
Com Enio e Dedê Fatuma
Nesta roda de conversa, Enio e Dedê Fatuma abordam pontos sobre a linguagem híbrida da construção de narrativas artísticas em que a música afrocontemporânea é o resultado das misturas, influências das trocas culturais da diáspora em seus territórios, sendo estas tecnologias de inovação na criação sonora e identitária.