Com cartazes e faixas em mãos, populares voltaram a ocupar o plenário e a tribuna da Câmara de Jundiaí, durante sessão desta terça-feira (10).
De reivindicação para o retorno das sessões noturnas a indignação quanto ao reajuste do salário dos vereadores (50% aprovado em meados deste ano), o que se viu e ouviu foram manifestações acaloradas.
Ao ocupar a tribuna, representantes da população levaram os mais diferentes temas: do suposto fechamento de uma EMEB (Escola Municipal de Educação Básica) a dificuldade de manter o Estado laico, assim como a ausência de uma edição da Constituição Federal, em contrapartida, a presença de um exemplar da Bíblia Sagrada, no espaço cujo único objetivo é, ou deveria ser, o de discutir as leis do município.
A falta de representativa dos que os elegeram, assim como o legislar por causas inconstitucionais, também estiveram entre as principais reclamações dos que fizeram uso do púlpito.
Durante o pronunciamento de vários eleitores, vereadores falavam ao celular, outros mostraram descaso e houveram até ocupantes das cadeiras do Legislativo deixando o plenário durante a fala do munícipe.
E a sessão seguiu com aparentes discussões e debates das pautas contidas na ordem do dia. Na teoria, na prática, a ausência dos vereadores é o que predomina, com quórum suficiente apenas no momento da votação.
Nem mesmo a fala do presidente da Casa mantém os vereadores em seus devidos lugares. Dos 5 que acompanhavam o discurso do vereador, um conversava ao celular, enquanto outro não tirava os olhos da tela de seu iPhone. Isso porque o texto em discussão valorizava os bons exemplos dos pais para que as crianças deixassem o celular de lado.
Para não se perder no protocolo, a sessão mantém a sequência de saudações. Saudações aos mortos ilustres da semana, às vítimas da guerra entre Hamas e Israel, até o desejo de vida longa ao prefeito de Jundiaí que completou idade nova recentemente.
Entre as pautas, a importância do detox digital, a inclusão do Dia da Menina no calendário municipal e a importância da valorização da vida.
Para os poucos (e bons) que conseguiram ficar até o final da sessão ordinária, uma dose de paciência.
Que venha a próxima terça-feira e com ela, o resgate da verdadeira função de qualquer Casa de Leis: fazer valer o direito que os eleitores concederam aos vereadores de legislar a favor da cidade e nada mais.