Após o Tribunal de Justiça de São Paulo decretar a falência da Livraria Cultura, na última quinta-feira (9), a empresa entrou com um recurso para reverter a decisão.
Segundo a avaliação do juiz Ralpho Waldo De Barros Monteiro Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, a companhia não conseguiu seguir seu plano de recuperação judicial e estava prestando informações incompletas durante o processo. Por conta disso, foi determinada a falência da livraria.
O jurista reconheceu a importância da rede na economia e promoção da cultura do país, mas apontou suspeitas de fraude na condução do negócio, a partir de transações financeiras realizadas por sócios da empresa. Além disso, a companhia falhou em pagar credores e efetuar o pagamento de créditos trabalhistas.
Em resposta, a Livraria Cultura confirmou que teve dificuldade em honrar alguns compromissos financeiros previstos no plano de recuperação, devido aos impactos da pandemia e a situação financeira do país, mas conseguiu colocar as contas em dia.Contudo, informou que ainda existe uma dívida em atraso com o Banco do Brasil, que está sendo renegociada diretamente com a instituição.
A equipe de defesa da livraria afirmou que foram pagos mais de R$ 12 milhões a aproximadamente 3 mil credores nos últimos quatro anos e que a empresa possui condições financeiras para manter suas operações.
Além disso, a avaliação do grupo é que a recuperação judicial traria mais benefícios para os credores do que a falência da companhia. A decisão judicial gerou uma resposta de parceiros e fornecedores do setor literário. Editoras iniciaram um processo de retirada de livros das estantes da loja localizada no Centro de São Paulo.
O movimento ocorreu porque, com o decreto de falência, a administradora judicial poderia fechar as lojas. Com isso, houve receio de que as editoras não conseguissem recuperar seus estoques.