Sem hospital e sem represa, prefeitura de Cabreúva gasta com shows em aniversário da cidade
T udo bem que Cabreúva esteja sem hospital há dois anos – a reforma da Santa Casa virou novela. Tudo bem também que o projeto da represa do Ribeirão do Piraí não saia do papel – e lá se vão vinte anos. O importante é fazer festa. E nada melhor que comemorar os 156 anos da cidade com shows.
Um deles será do cantor Daniel (30 anos de carreira e mais de 13 milhões de discos vendidos) no dia 23 de março, véspera do feriado, às nove da noite no Estádio Municipal Antonio Spina, conhecido como Suvacão. O repertório de Daniel será o mesmo de sua turnê Meu mundo e nada mais.
Antes, no dia 21, tem show do padre Juarez de Castro, que também faz turnê por aí, chamada Abraço do Pai. Será no Centro de Cultura e Lazer Sílvia Covas a partir das nove da noite. O padre – que é padre há 20 anos – já escreveu três livros e tem gravados seis discos de músicas católicas.
E no dia do aniversário, 24, a cantora gospel Jamily se apresenta às sete da noite no Sílvia Covas. Jamily tem 22 anos e tem sete discos gravados, com vendagem de três milhões deles e 80 milhões de acessos no Youtube.
Ninguém vai pagar ingresso para ver os shows. Ou melhor, todos pagam. Afinal, o dinheiro que a prefeitura vai entregar aos artistas vem do cidadão que paga impostos. Um show de Daniel está cotado hoje em R$ 140 mil, fora despesas e outros afagos. Jamily é mais modesta – cobra em média R$ 15 mil por show.
Ela vai cair como uma luva em Cabreúva – lá o movimento evangélico (ou gospel) é muito forte, o que significa que não faltará gente no seu show.
O padre guarda segredo, mas deve estar bem cotado – é um dos principais apresentadores da Rede Vida de Televisão. Sua agenda de shows, divulgada em site oficial, está lotada. É o concorrente direto do padre Marcelo na venda de livros e CDs. E a procura não para – há muita gente buscando a salvação da alma.