Na terça-feira, noticiou-se em Jundiaí que um professor de Emeb estaria abusando de alunos. Na realidade, crianças. E ficou por isso. Assustou pais, despertou curiosidade. Era uma meia notícia, notícia manca, onde não se dá nome a ninguém. Nem do professor, ainda um “suspeito”, nem da Emeb. E isso acontece não é de hoje. Notícias pela metade, se é que isso pode ser chamada de notícia.
Alegam alguns que omitindo informações o jornal, o site, a rádio ou a tevê evita-se processos. E processar jornalista, concordamos, está na moda. Acontece que Jornalismo de verdade é assim: dar nome aos bois, mostrar o que realmente está acontecendo, sem medo das consequências. Se o jornalista mostra a verdade, por sinal, não há de temer represálias.
Nos dias de hoje são comuns notícias do tipo “um homem de 40 anos foi preso em flagrante”. E no segundo parágrafo da mesma notícia o preso em flagrante é tratado como “suspeito”. Não é privilégio de jornalecos tal postura. Os jornalões também estão nessa toada. Juntos formam a meia imprensa. E meia imprensa só consegue noticiar a meia verdade. A outra metade pode ser a mentira.
Passou o tempo dos jornalistas e radialistas corajosos. Afanasio Jazadji, por exemplo, em suas passagens pela Folho, rádios Globo, Capital e Trianon, dava nome aos bandidos. E se tivesse apelido, também. Preservava vítimas de estupros, mas além de dar nome ao criminoso, não poupava adjetivos para qualificá-lo. Percival de Souza também já foi assim – hoje não é mais.
A meia imprensa de hoje não conhece mais a verdade. Mal sabe copiar boletins de ocorrência. Fotografias então, nem pensar. Caberia à imprensa de verdade denunciar, mostrar à sociedade os que não prestam, os que vivem de crimes. Caberia, mas falta coragem. Não à toa que os jornalões despencaram em vendas, assinaturas e audiência. Omitir, muitas vezes, é mais que mentir.
Anselmo Brombal – Jornalista