Acostumamo-nos com filmes onde zumbis são tratados como criaturas horrorosas, asquerosas, e incrivelmente feias. Os mortos-vivos do cenário causam medo e repulsa. Mas agora, em nosso tempo, são outros os zumbis. Ou pelo menos de mortos ou vivos que se comportam como tal. São os zumbis de celulares, e olho no que se passa em redes sociais, verificando se sua foto teve curtidas, ou se alguém mandou mensagem com florzinha lhe desejando bom dia.
Seria necessário muito mais que desejar bom dia para que haja uma espécie de reencarnação desses mortos-vivos que encontramos todos os dias. Nas ruas, nos bares, nos restaurantes, no transporte coletivo e até mesmo dentro dos carros. Pessoas (supõem-se) que ainda estão vivas, mas completamente alheias ao mundo em que vivem.
São zumbis que não foram atingidos por tiros ou punhais. Foram colocados fora da vida normal, a dos vivos, por chips e outras parafernálias tecnológicas. São casais de zumbis que saem no fim de semana, sentam-se à mesa de um restaurante e passam horas grudados em seus celulares. Nada de conversa, nada de carinho. Nada de nada.
Zumbis, ao que parecem, não são adeptos ao sexo. Têm seus orgasmos múltiplos e sucessivos numa tela. Seja em fotos de gosto duvidoso; ou seja em mensagens em que a língua pátria é estuprada, assassinada, esfolada pela ignorância e falta de estudo. E essa legião de zumbis cresce a cada dia, incentivada por mais idiotas que se apresentam como influencers.
Para outros seres anormais há receitas, como a estaca de madeira, o punhal de prata ou mesmo o tiro com uma bala de prata. Para os zumbis de hoje a receita só pode ser lobotomia. Ou, em casos menos graves, um bom livro.
Anselmo Brombal – Jornalista