Fonte: Canaltech
O Hospital do Sistema Único de Saúde (SUS) realizou, na última semana, uma cirurgia inédita de transplante de córnea em uma bebê, que nasceu cega. A criança tem apenas 3 meses e se recuperou bem do procedimento inovador. Agora, a equipe médica deve acompanhar a paciente pelos próximos meses, avaliando a qualidade da sua visão.
O procedimento é considerado de alta complexidade e foi realizado no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), no Rio de Janeiro. A instituição é parte do SUS, vinculada ao Ministério da Saúde.
Transplante de córnea inédito em bebê
Após o nascimento da menina Maria Helena, a equipe médica do HFB observou que a criança apresentava uma má formação nos olhos. Para ser mais específico, a paciente nasceu com uma alteração congênita no desenvolvimento do globo ocular, que tem como consequência a perda da visão.
Inicialmente, a bebê passou por um transplante de córnea do olho direito, em abril. Após se recuperar da primeira cirurgia, os profissionais que acompanham o caso começaram a se preparar para o segundo procedimento, no qual iriam corrigir o olho esquerdo da criança.
No segundo olho, o quadro era mais grave. Para reverter a condição, os médicos realizaram um tipo inédito de transplante de córnea na paciente. “A córnea é preparada manualmente de maneira invertida e assim fica menos espessa, o que significa melhor qualidade visual”, explicou o médico e chefe do setor de transplante de córnea do HFB, Paulo Phillipe, em comunicado.
Segundo os profissionais, o novo método também pode ser feito em pessoas que precisam do transplante de córnea por outras doenças que não sejam a mesma da bebê. Os detalhes do procedimento inovador foram apresentados em um Congresso Internacional que aconteceu, na última sexta-feira (27), em Salvador, na Bahia.
Doação e transplantes de córnea no Brasil
Entre os meses de janeiro de 2021 e abril de 2022, foram realizados mais de 17 mil transplantes de córnea no Brasil. Este é um tipo de cirurgia bastante comum para melhorar a clareza e nitidez da visão, mas depende de inúmeros fatores, como a existência de doadores.
Após o procedimento, a mãe da bebê, Maria Thuane dos Santos, fez um apelo para que outras pessoas doem a córnea. “Peço que as pessoas doem córnea para que possam ajudar outras pessoas que aguardam na fila”, comentou Santos sobre o gesto que pode salvar vidas.