Dados da Serasa apontam que as tentativas de fraude atingiram 326.290 brasileiros em fevereiro, com tentativas mais expressivas no segmento de Bancos e Cartões; pessoas entre 36 e 50 anos são os principais alvos
Em um mundo cada vez mais conectado, a quantidade de golpes e crimes praticados online também aumentou. Um levantamento da Serasa Experian, com dados do mês de fevereiro, mostrou que além de golpes virtuais aumentarem, o segmento com maior número de vítimas foi o de Bancos e Cartões, com 181.739 casos de tentativas de golpes virtuais. Somente durante o mês, mais de 326 mil brasileiros foram vítimas de tentativas de fraudes, de acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian. A cada 7 segundos alguém era alvo dos golpistas, sendo que as pessoas entre 36 e 50 anos são os principais alvos.
“O maior número de tentativas de fraudes nos segmentos de bancos e cartões se deve ao fato de que muitos ainda não sabem gerenciar de forma segura as suas compras pela internet”, afirma Regina Acutu, CEO e co-fundadora da Verifact, ferramenta online de captura técnica que permite coletar conteúdos da internet como prova na justiça, eleita TOP 50 Women In Cybersecurity LATAM 2021.
“Ao negociar e efetuar uma compra é comum que usuários cometam alguns descuidos. Não é raro ver, por exemplo, pessoas fotografando computadores ao fundo nas fotos para as redes sociais com a senha da conta bancária colada no monitor. Além disso, muitos recebem ofertas e emails de sites falsos e acham que estão fazendo um cadastro, quando, na verdade, estão entregando seus dados aos golpistas”, explica Regina.
As novas formas de pagamento também estimularam os golpes praticados online. Segundo a especialista, o PIX, sistema de pagamentos e transferências instantâneas, é seguro, no entanto, é um caminho mais rápido para os golpes. “Os golpistas se utilizam de engenharia social para convencer as vítimas, e a lógica é sempre a mesma: estabelecer um laço de confiança e familiaridade com algo conhecido. O PIX é realmente feito pela pessoa dona da conta bancária, a fraude não consiste na fragilidade do sistema, e sim no convencimento da vítima para fazer as transações”, explica Regina.
“Assim que recebe a transferência feita pela vítima na conta, o golpista transfere o valor pago pela vítima para várias contas de diferentes instituições na mesma hora, para dificultar a localização e cancelamento da operação pelos bancos. Quando a vítima informa ao banco que realizou o PIX sobre o golpe já é tarde: o dinheiro não está mais nesta conta (que geralmente é de um laranja)”, complementa a especialista.
Como se proteger de golpes financeiros online?
O primeiro passo é utilizar um cartão virtual para efetuar compras online e proteger muito bem os dados pessoais, para evitar que outras pessoas usem seus dados de forma
indevida.
Outra dica é não compartilhar com ninguém senhas e informações pessoais, como CPF, por exemplo. Desconfie de contatos telefônicos ou via redes sociais de bancos ou empresas de telefonia. Mesmo que o contato seja de algum familiar ou amigo próximo, ainda assim opte por uma chamada de vídeo para garantir que é realmente a pessoa que está solicitando o valor. Alguns golpes partem da apropriação de números de telefone e contas de redes sociais reais e fazem a vítima acreditar que está em contato com alguém de confiança, quando, na verdade, trata-se de um golpista.
Se possível, documente as negociações e evidências online por um meio de coleta de provas digitais válido juridicamente para usar caso necessário, antes de bloquear o contato ou que as mensagens desapareçam. Prints podem não ser provas suficientes para a comprovação do fato. Ferramentas como a Verifact permitem que você colete conteúdos da internet para usar como provas válidas na justiça.
É comum golpistas se utilizarem de engenharia social para convencer as vítimas, e a lógica é sempre a mesma: estabelecer um laço de confiança e familiaridade com algo
conhecido. Um exemplo é o golpe do Instagram: os golpistas hackeam um perfil no Instagram, se passam pelo dono conta e mostram uma oferta imperdível nos Stories, vendendo alguns eletrodomésticos com pagamento via PIX, com a desculpa de que um parente está se mudando e precisa se desfazer de tudo rápido. Como geralmente as pessoas realmente vendem itens pelo Instagram e a vítima acha que o vendedor é de confiança, acabam caindo no golpe.
É muito importante desconfiar de solicitações de pedidos de transferência de valores, e também verificar se é realmente a pessoa que está fazendo a solicitação ou venda: tente,
ligar e fazer uma videochamada para conferir se é realmente a pessoa, verificar se o perfil da rede social realmente pertence à pessoa ou a empresa, se há algum histórico de reclamações da empresa que está oferecendo o produto e desconfiar de promoções com preços muito atrativos.