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terça-feira, 26 novembro, 2024

Doenças oculares são 50% mais frequentes entre mulheres 

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Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) acende o sinal de alerta para a saúde ocular da população feminina. Dados revelam que a dificuldade de enxergar e a perda da visão são 50% maior entre elas. 

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier de Campinas, a pesquisa confirma um levantamento realizado no hospital há alguns anos. Para ele, a maior dificuldade de enxergar da mulher é um efeito cascata das constantes oscilações hormonais que aumentam a produção de radicais livres nos olhos, e de doenças sistêmicas, como a diabetes e hipertensão, mais prevalentes entre elas.

O olhar para o futuro

Para a mulher nem tudo está perdido. a boa notícia é que as homenageadas deste 8 de março valorizam mais a saúde ocular. Levantamento do oftalmologista em 2,1 mil prontuários do hospital, revela que desde o início da pandemia o acompanhamento foi 30% mais regular entre as 1,2 mil mulheres do grupo, do que entre os 800 homens. A má notícia, é que a covid aumentou a irregularidade do acompanhamento oftalmológico de 65% para 75% entre os que têm alguma dificuldade para enxergar.

Para Queiroz Neto, o maior cuidado da mulher com a visão está associado ao perfil psicológico da população feminina e à sinalização de alterações como a miopia, dificuldade de enxergar à distância, que é 20% maior entre as mulheres, já que passam mais tempo trabalhando no computador.

“O maior contato dos olhos com a evaporação de produtos de limpeza, cosméticos e maquiagem na região dos olhos também estimula processos alérgicos”, salienta. Isso faz com que tenham 15% mais astigmatismo.  “De tanto esfregar ou coçar os olhos, a córnea, lente externa do olho, fica irregular e forma múltiplos focos sobre a retina, deixando a visão desfocada para perto e longe”, explica.

Correção

A miopia, o astigmatismo e a hipermetropia, dificuldade de enxergar próximo, podem ser corrigidos com óculos ou lente de contato. Muitas não se adaptam bem às lentes e gostariam de dizer adeus aos óculos. Uma em cada 2 passam a maior parte do tempo sem os óculos de grau por vaidade. Por isso, elas respondem por 2/3 das cirurgias refrativas, inclusive durante a pandemia que registrou uma queda de 7,5% nos procedimentos. 

Para Queiroz Neto o número das cirurgias só não é maior no Brasil porque parte da população tem medo de operar. É claro, pondera, que todo procedimento tem risco e com a refrativa não é diferente. O maior risco da cirurgia é contaminar a córnea. O especialista destaca que a contaminação ocorre em 0,24% das refrativas realizadas no mundo. Uma meta-análise feita nos EUA mostra que o uso de lentes de por um ano contamina 3 vezes mais e em 5 anos a contaminação é 7 vezes maior.

O procedimento

Nos últimos anos, a refrativa para corrigir miopia, hipermetropia e astigmatismo é um dos procedimentos que mais agregou tecnologia. Existem 4 técnicas distintas e todas são boas. A mais adequada depende do estilo de vida, espessura da córnea, intensidade do erro de refração e expectativa de cada paciente, sendo:

-Implante de lente para correção de altos erros de refração:  É reversível e consiste no implante de uma lente entre a íris e o cristalino sem a retirada do cristalino.  Possibilita a correção de até 20 de miopia, 10 de hipermetropia e 6 de astigmatismo.

-Smile – De precisão nanométrica é a cirurgia inteiramente a laser, do corte à modelagem da córnea. Por isso, permite recuperação mais rápida, melhor cicatrização e mais conforto pós-operatório. O cirurgião explica que o laser é aplicado ponto a ponto e retira  menos 20% do tecido. Por isso, a cirurgia pode ser feita em córneas mais finas. 

-Lasik – Durante o procedimento é feito um corte manual na camada externa da córnea, para corrigir a refração através da aplicação do laser na camada intermediária e finalizar com a recolocação da lamela recortada no mesmo lugar.

-PRK – É um procedimento mais traumático em que o laser elimina as células do epitélio, camada externa da córnea para modelar seu formato com pulsos de luz. O PRK tem recuperação mais lenta, mas como todas as outras técnicas, é indolor. Isso porque, toda cirurgia é feita com colírio anestésico.

Olho seco

Neto afirma que ficar com o olho seco após a cirurgia é normal, já que o laser altera a distribuição da lágrima na superfície do olho. Para evitar o desconforto, todo paciente já sai da cirurgia com um frasco de colírio lubrificante. De 1 a 3 meses os olhos estarão recuperados, independente da técnica. Não quer dizer que nunca mais fiquem ressecados, mas se persistir é necessário fazer uma avaliação completa da lubrificação dos olhos. “Hoje o diagnóstico e tratamento são automatizados e permitem ao paciente visualizar a melhora do filme lacrimal e aderir ao tratamento”, diz. Quem está cansado de usar colírio pode voltar a sentir conforto nos olhos com apenas três sessões de luz pulsada.

Se você pensa em se livrar dos óculos, precisa ter mais de 21 anos e estar com o grau estabilizado há um ano. Gestação que faz a refração ficar instável, olho seco, glaucoma, córnea fina e alterações na retina são contraindicações. Por isso, é importante passar por uma bateria de exames e torcer para a cirurgia ser aprovada.

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