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sábado, 23 novembro, 2024

Um vereador radical demais

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O vereador Paulo Sergio Martins apresentou e conseguiu aprovar um projeto proibindo a nomeação em cargos em comissão de pessoas já condenadas por crimes de violência contra a mulher. Ótimo. Lugar de covardes e canalhas é na cadeia, e não em emprego público. Paulo apresentou outro projeto, fazendo a mesma proibição para condenados por homofobia. Foi o suficiente para que o vereador Douglas Medeiros, radical demais, ser contra, e até citar a Bíblia para justificar sua ira.

Dom Douglas, em sua Mitra paralela, entende que está havendo proteção demais para as minorias. Não entende que são justamente as minorias que precisam de proteção, uma vez que as maiorias se defendem sozinhas, justamente por serem maiorias. Dom Douglas afirmou que o castigo para essa turma LGBT é a condenação à morte. Por Deus. Todos nós nascemos condenados a morrer. Um dia, e ninguém sabe qual.

Nessa hora é bom lembrar que o Papa Douglas Iº defendeu, no ano passado, aumento de salário para os vereadores. Uma defesa fora de hora e imprópria, quando mundo passava seus piores momentos devido à pandemia da Covid, e as consequências na economia, na produção, na vida das pessoas, eram latentes. Mas sua solidariedade foi deixada de lado ao pensar no seu próprio umbigo. Ou melhor, no seu bolso.

Reclama-se do radicalismo de alguns segmentos do Islamismo. Critica-se suas leis, baseadas no Corão e suas diversas interpretações. Nada, se comparado às atitudes do aiatolá Douglas. Defender pontos de vista faz parte da essência do parlamento. E a Câmara é o lugar certo, é o parlamento das cidades. Mas é preciso também ouvir, não só falar. É preciso entender o ponto de vista de outros vereadores. E algumas vezes é necessária a tolerância.

O Papa Douglas Iº chegou à Câmara apoiado por eleitores católicos como ele. E alguns desses eleitores (não são poucos) também o consideram radical demais. Seria bom, salutar, de bom termo, que Dom Douglas colaborasse para a melhoria do serviço público. Citando outros trechos bíblicos, como o que prega a separação do joio do trigo. Ou os trechos que pregam o perdão, como o dado à Maria Madalena pelo próprio Cristo.

E a melhoria no serviço público pode começar tirando o joio, representado por pessoas condenadas pela Justiça por sua intolerância, por sua homofobia, por seu instinto animalesco de agressão. E pessoas assim certamente não têm bom caráter. Aliás, não tem nenhum tipo de caráter.

Rodrigo Malagoli – Jornalista

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