Não se espante se encontrar algum figurão na barraca de pastel na feira de seu bairro. É que, faltando um ano para as eleições, já tem muita gente se mexendo para conquistar simpatias. É um ritual que se repete de tempos em tempos, onde se misturam mentiras, promessas (mais mentiras), sorriso fácil (falsidade), apertos de mão (mais falsidade) e até promessas de emprego. Tudo por um voto.
O governador paulista, o estimado, querido, idolatrado, amado e sincero João Doria, já deu suas voltas por estados do Nordeste. É bom que se saiba que Doria quer ser candidato à Presidência. No Nordeste, foi solenemente vaiado. Aplausos, só de meia dúzia de puxa-sacos. Bolsonaro também dá suas voltas no Nordeste, e com seu jeito canastrão está quebrando a perna de Lula, que não para de perder eleitores.
Mas isso entre os grandões. As eleições do ano que vem serão para deputados federais e estaduais. E é nesse terreno que os locais e regionais estão se mexendo. Já tem possível candidato fazendo visitas a lugares onde nunca havia pisado. Leva consigo um fotógrafo para registrar o “apoio” que recebe dos populares. É uma rotina conhecida. Parada num bar, cumprimentos aos desconhecidos, fotografias… e logo em seguida tudo está nas redes sociais. Mais triste é a legenda: o povo pede que esse imbecil seja candidato para representar a região.
A hipocrisia rola solta. Teve um pretenso candidato (famoso quem?) que foi fazer seu passeio numa feira-livre. Parou na barraca de pastel, entabulou conversa com o pasteleiro e alguns comensais. Acuado por eleitores, que queriam que pagasse pelo pastel, alegou que não carregava dinheiro, só usava cartão. E o dono da barraca não aceitava cartão. Quebrou a cara – quase em frente havia um caixa eletrônico, e não restou outra alternativa: sacar dinheiro e patrocinar a comilança.
Certamente aparecerão out-doors no final de ano dessas “personalidades” desejando toda a felicidade do mundo à população. Os mesmos de sempre, aparentando seriedade. Carnaval, se houver, poderia até contar com um bloco desses possíveis candidatos, tamanha a quantidade. E depois disso, será um salve-se-quem-puder. Redes sociais inundadas de promessas e de reuniões de apoio; cartão de aniversário; presença até em batizado de cachorro.
Outros, sentindo-se importantes e acima da plebe ignara, fazem visitas a políticos que já ocupam cargos, como prefeitos e vereadores. Visitas devidamente fotografadas e divulgadas em seguida. Pensam serem importantes por terem no passado ocupado algum tipo de cargo público. Nem que seja o cargo de vice-treco da vice-coisa.
Há quem acredite que esse tipo de coisa não funciona, que o povo aprendeu escolher. Cascata. O povo vai escolher as mesmas porcarias de sempre. Vai acreditar que seus problemas têm solução, porque fulano prometeu que sim. Vai até sonhar com o emprego prometido, para dias depois se decepcionar.
E há um fato mais curioso ainda. Em algumas rodas de conversa, determinado personagem é o assunto. Pejorativo, naturalmente. Ladrão, safado, sem vergonha, e por aí vai. Mas, quando esse personagem chega ao lugar, todos os seu críticos se calam e correm – e até disputam o melhor lugar – para tirar fotografia junto com ele. Outros, do mesmo naipe, até pagam o pastel do suposto candidato.
Sinceramente? Que todos morram de indigestão.