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sábado, 23 novembro, 2024

Zara criou código secreto para ‘alertar’ entrada de negros em loja

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A Polícia Civil do Ceará investiga a criação de um código secreto que supostamente serviria de alerta para os funcionários da Zara do Shopping Iguatemi, em Fortaleza, ficarem atentos a cada entrada de pessoas negras ou com roupas simples.   

No caso, o  “alerta” era acionado pelo sistema de som da loja, por meio do código “Zara Zerou”.

“Testemunhas que trabalhavam no local alegam que eram orientadas a identificar essas pessoas com estereótipos fora do padrão da loja. A partir dali, ela era tratada como uma pessoa nociva, que deveria ser acompanhada de perto. Isso geralmente ocorria com pessoas com roupas mais simplórias e ‘pessoas de cor'”, afirma o delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira, que considerou o procedimento “absurdo” e “inaceitável.”

A delegada e diretora do Departamento de Defesa de Grupos Vulneráveis, Arlete Silveira, detalhou como funcionava o alerta e a abordagem 

“Esse código era o ‘Zara zerou’, que foi descoberto durante a investigação. Ele orienta para que exista uma abordagem dentro da loja quando chega alguém ‘diferente’, digamos assim, sem o perfil do consumidor da Zara. É como se aquela pessoa deixasse de ser uma consumidora e se tornasse suspeita”, relata.

O caso de discriminação foi descobreto durante a investigação do caso envolvendo a delegada Ana Paula Barroso, que é negra. Ela foi impedida de entrar na loja na noite do dia 14 de setembro e registrou boletim de ocorrência por racismo. No caso, a alegação era de que se tratava de uma questão de segurança adotada pelo shopping.A delegada explica que o inquérito se atém apenas ao suposto crime praticado pelo gerente e não pode culpabilizar a Zara. “A loja tem responsabilidade civil pelos danos causados pelos funcionários, por qualquer tipo de dano moral de fala a alguém”, explicou.

Ana Paula ainda pode ingressar com ação privada cobrando danos morais pelo episódio. Entidades do movimento negro ingressaram na Justiça do Ceará contra a rede de lojas Zara, pedindo R$ 40 milhões de indenização por dano moral coletivo.

Zara nega

Em nota, Zara Brasil informou que não teve acesso ao relatório policial, mas garantiu que “colaborará com as autoridades para esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia Covid-19 se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde.”

“O decreto governamental em vigor estabelece a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes públicos. Qualquer outra interpretação não somente se afasta da realidade como também não reflete a política da empresa”, alega a empresa.

A Zara Brasil diz ainda que conta com mais de 1.800 pessoas “de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura.”

“Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa. A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser combatido com a máxima seriedade em todos os aspectos”, finaliza. (Fonte: UOL)

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