Sem máscara, interagindo com fãs e mandando às favas qualquer cuidado sanitário, Jair Bolsonaro promoveu nova aglomeração, desta vez em Goianópolis (GO), neste sábado (17).
O mau exemplo foi transmitido, ao vivo, pelo major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do partido. Com as 2.865 mortes das últimas 24 horas, chegamos a quase 372 mil óbitos.
Enquanto isso, com máscara, distanciamento social e um número reduzido de convidados, a rainha Elizabeth 2ª despediu-se de seu marido, o príncipe Philip, no Castelo de Windsor.
A imagem da monarca de 94 anos sentada, sozinha, para acompanhar os serviços fúnebres de seu companheiro por 73 anos viralizou e gerou comoção nas redes sociais em todo o mundo.
A rainha não é chefe de governo, mas de Estado. Espera-se da monarca que seja uma referência ao Reino Unido, um exemplo. Elizabeth sabe, portanto, que ela não pode ser uma exceção em meio à pandemia – seus súditos têm direito a apenas 30 convidados em funerais.
Mesmo que o funeral tenha contado com militares e pompas, a monarquia britânica tem a consciência de que a transmissão da imagem da solidão da rainha, mais do que reforçar que as regras valem para todos, também é uma mensagem poderosa: apesar da dor, cuidem-se, mantenham distanciamento social.
Bolsonaro também quer governar pelo exemplo. E sabe da força da imagem que transmite por ser presidente. Com suas constantes aparições públicas, promovendo aglomerações e menosprezando a gravidade da doença, ele sabotou os esforços de Estados, municípios e da sociedade para reduzir o ritmo de mortes.